quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Fragmentos- histórias da Agatha parte sete por Camila Bernardini







Do outro lado da cidade Daniele esta furiosa a, sua raiva era tanta, que as palmas de suas mãos estremeciam a todo o momento. Fora até o casarão de Agatha e ela não estava lá, o criado de sua pupila a informou que ela tinha saído na noite anterior com sua moto e ainda não tinha regressado para casa. Ao vasculhar os cômodos da casa, a única coisa que encontrara fora o celular da vampira estraçalhado pelo chão. Ela sabia que precisava tomar medidas drásticas antes que não pudesse mais ter controle algum sobre ele. E todos os seus planos e sonhos de destruir os homens iriam por água abaixo, além que viveria novamente uma vida solitária no seu eterno destino em busca de vingança. Sim, até poderia transformar outra em vampira, ensinar costumes plantar a sede de ira na nova transformada. Mas ela tão queria isso.  Gostava de Agatha, era forte, inteligente, de personalidade marcante. Precisava descobrir mais, o que será que estava acontecendo para que ela mudasse tanto em tão pouco tempo?
Essa pergunta fez com que ela se lembrasse de imediatamente do pianista virtuoso. E sua raiva aumentou. Com velocidade anormal saiu do casarão em direção à estação a luz e logo estava em frente ao piano o ouvindo tocar. Mas hoje ela não ia parar para apreciar a música ou fazer seus jogos de costume. Queria acabar logo com aquilo, ter sua vida de volta. Apenas sussurrou no ouvido dele:
                -Venha comigo, ou matarei sua mulher e agora!
O pianista sentiu um calafrio em sua espinha, deixando sua coluna até mais ereta. A voz o congelou, lembrou-se de tudo que tinha acontecido na outra noite. As lembranças estavam sendo todas carregadas em sua mente. Com um gesto inocente fez o sinal da cruz, antes de saltar da cadeira e deixar o piano para acompanhar a voz fria de uma mulher tão bonita e cruel.
Quando os dois estavam longe da multidão e de olhares curiosos da estação de trem, ele por fim perguntou:
                -O que você quer dessa vez?
                Daniele que vestia uma camisa vermelha de seda com pequenos botões delicados abriu alguns botões mostrando um decote avassalador, aproximou-se do pianista e em um sussurro quase inaudível para um ouvido humano disse:
                -Que me deseje e mostre sua verdadeira natureza!
                -Eu só desejo uma única mulher, e meu coração é somente dela.  Você pode ser linda e sedutora, mas meu amor pertence a uma única pessoa para o resto da minha vida e eu tenho honra e caráter para respeitá-la até o fim dos meus dias.
                A vampira que não estava com paciência para coversa fiada, esbofeteou a cara do pianista com força suficiente para que o pescoço dele virasse de lado. Com suas unhas arranhou a parte da jugular do pescoço dele e viu pequenos fios de sangue começar a escorrer dali. O cheiro era tentador e já lambia os beiços com o desejo de matar sua sede. Mas se a Agatha descobrisse que ela matará o desgraçado iria sentir repulsa e assim acabaria se afastando dela uma vez por toda.  Tinha que dar um jeito de corromper o pianista para que a morte dele fosse justificável. Então se lembrou da mulher dele que o aguardava todos os dias, e um sorriso maligno cobriu o seu rosto.
                -Mas uma vez te deixarei, mas tenho certeza que muito em breve nos encontraremos! Volte para seu piano!
                E como por mágica evaporou no ar, deixando apenas uma densa neblina fria pelo ar e o Douglas desconcertado tentando buscar respostas em sua memória do que tinha ocorrido e de como tinha ido parar li.
                Daniele ágil, já estava na frente da casa do pianista, tocando a campanhia insistentemente quando uma mulher sem graça abriu a porta para ela.
                -Oi, você é a Camile?
                -Sim, quem é a senhora?
                -Trago noticia do seu marido, sinto muito!
                Camile assustada pensando que pudesse ter acontecido algo de grave, nem percebeu que estava diante de um perigo dos grandes. Abriu toda a sua porta convidando a mulher para que entrasse na sua casa. Talvez seu pior erro
                Daniele entrou, olhando tudo ao redor, uma casa simples, com cheiro de hortelã, fotografias e pequenos quadros na parede. Parecia mesmo um lar feliz, onde o conforto e o amor eram suficientes. Sentiu um nó se formar na garganta, mas não tinha chego até ali para desistir. Pois precisava novamente da Agatha ao seu lado.
                -Então que noticias traz?
                A vampira girou rapidamente para a mulher a sua frente, a pegando pelo pescoço e a jogando na parede.
                -Na verdade nenhuma querida!
                Camile tentou se esquivar pelo chão, mas a vampira foi mais rápida a segurando pelos cabelos.
                -Não adianta fugir!
                E sem mais brincadeiras cravou os dentes na jugular da querida amada do pianista, sorvendo até a última gota de sangue e a deixando caída sem vida ali. Pensou em ficar mais um tempo pela casa, mas sentiu o cheiro dele, e sabia que estava chegando.  Saiu da casa e quando já estava no fim da rua ouviu o grito de dor e tristeza do pianista. Gargalhou e voltou a caminhar, e aos poucos foi evaporando no ar, deixando apenas o som da sua gargalhada.

Mácaras - parte final por Isabela Santos







Na pequena caixa, havia o coração de sua amada. Ao lado, havia a chave de todo o dinheiro de seu reino. Afinal, como ele fora tolo! Não havia prestado atenção em seu filho. Mas como poderia acreditar em uma coisa que não estava vendo com seus próprios olhos? Não era de se confiar. E agora estava ali, olhando fixamente o coração que havia guardado em uma caixinha de joias. Ele não queria deixar a parte mais importante, a parte que guardava sentimentos, se ir junto com sua rainha. Ele simplesmente não podia deixar que isso acontecesse. O rei foi desperto de seus devaneios, quando um pensamento lhe veio á cabeça:
 O que exatamente ele fazia ali, olhando aquela caixa? Ele simplesmente não sabia. Ele simplesmente estava olhando aquela caixa fixamente, como se aquele coração e aquela chave eram a solução para todos os seus problemas. Mas seu coração o havia guiado até ali. Então, o que isso exatamente queria dizer? O rei estava entrando em pânico. Os soldados estavam sendo mortos facilmente. Seu filho estava agoniando em meio aquela guerra horrível. Ou ele provavelmente fora morto. E ele estava ali, sendo um covarde, deixando para trás os seus feitos, ou melhor, dizendo sua família, que cuidou com todo o cuidado. Estava tudo sendo destruído.
 O rei, mais uma vez foi desperto de seus devaneios quando ouviu um grasnado. Ali, em sua janela, havia um corvo. Seu olhar era dourado, e os olhos pareciam estranhamente sobrenaturais, pois eram de um tom de dourado estranho. O corvo parecia estar querendo dizer algo, mas exatamente o que? A compreensão o atingiu como um soco no estomago. As palavras lhe vieram á cabeça, como se alguém as tivesse sussurrando. Era isso que ele iria fazer, pensava. Em sua mente, mais palavras ainda vinham em sua cabeça. Era como se o corvo em sua janela estivesse lhe sussurrando aquilo.
                                                 ...
 A dor estava insuportável. Era simplesmente impossível. Era tanta, mas tanta, que de tanta dor ele parecia ficar leve, e não sentir mais nada. Seus olhos estavam embaçados. Então era assim que ele iria morrer? Pelo menor ele iria morrer em batalha, o que para ele era uma morte digna. Tudo á sua volta parecia um borrão. A guerra, as pessoas, as armas, tudo para ele lhe pareciam fantasmas, passando em velocidade rápida para sua vista. E sem mais nem menos, seus olhos se fecharam, e ele parecia estar em outra dimensão.
 Lá, estava tudo escuro. Seus olhos observavam por todos os lugares, e ele não fazia ideia de onde estava. O chão, o teto, ou onde quer que ele estivesse era tudo preto. Repentinamente, seus olhos foram cegados por uma luz insuportavelmente branca. Depois que sua vista clareou, á sua frente, podia ver uma coisa inacreditável. Uma mulher de cabelos dourados estava a sua frente. Ele não podia ver seu rosto, pois parecia estar delirando. As próximas palavras que escutou, pareciam estar vindas de uma voz espectral, que estava dizendo:
- Não se preocupe. Logo você não sentirá mais dor
 Ele a olha por um tempo. Ele queria falar milhões de coisas ao mesmo tempo, mas as palavras pareciam não sair. Ele queria se mexer e agarrar-se á ela como se não tivesse outra pessoa no mundo que lhe desse conforto. Mas nada acontecia. Sem mais, nem menos, o príncipe é beijado na testa, e repentinamente, aonde quer que ele esteja, o lugar some. Seus olhos pareciam voltar para a realidade, mas a dor tinha se tornado ainda mais latejante. A flecha estava cravada ao lado de seu ombro, de onde saía muito sangue. Alexander olhou á sua volta. Armas e corpos estavam caídos pelo chão. O que havia acontecido? Isso que estava em sua mente, e ecoava na mesma, o que lhe causou uma dor de cabeça horrível. Tentou se mexer para ver o que havia acontecido á sua volta, mas uma dor insuportável tomou conta de seu corpo mais ainda. Acalmou-se quando viu o rei olhando-o. Na verdade, ele julgava ser o rei, pois podia ver um coroa na cabeça de quem quer que fosse que estivesse ali. Nas mãos da pessoa estava uma espada. Alexander forçou um sorriso. Se fosse o rei, ele iria o salvar. Mas antes que pudesse terminar o pensamento, viu o brilho da espada que estava na mão direita do homem a sua frente, o atingindo no coração. A ultima coisa que viu, foi um corvo tomando voo, e sumindo no vasto céu.
                                                           ...
 Ele tinha que ter feito isso. Ele não sabia o por que. Mas sabia que não queria ver seu filho agonizando para sempre. Ou com alguma cicatriz... Afinal, o que ele estava pensando? Não era exatamente isso o motivo. O motivo era que ele não queria mesmo ver seu filho tornando-se Rei.
 Não queria ver seu filho em um mundo onde a ira e os ódios reinavam principalmente a cobiça. Às vezes sacrifícios precisam ser feitos para não ter consequências, e ele iria seguir essa pequena frase. Seu filho estava morto. E agora, como um Rei digno, enfia a espada, sem dó nem piedade no coração de seu filho, assim, tirando-o da espada, e colocando numa pequena caixa de veludo, junto com o de sua mãe. Com cara de repulsa, o rei subiu até seu castelo, entrando numa sala, aonde havia um grande cofre. Delicadamente, coloca a caixinha onde estava o coração da rainha e de seu filho, e ainda a chave da herança de seu reino que estava intacta, no cofre, assim, fechando-o. Vira-se para trás, sem expressão. Seu destino já estava selado. Sem mais nem menos, corre até o alto de uma das torres de seu castelo, onde havia muitos corpos de seus soldados caídos. Mas ele apenas ignorou esse fato, e continuou caminhando e olhando fixamente para seu destino. Ao chegar lá, arranca seu paletó, e sua camisa. E assim, se joga lá de cima, e seu único pensamento era: Foi uma morte merecida.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Máscaras por Camila Bernardini - primeira parte



      



                              Nota: Segunda parte será escrita pela querida Isabela Santos


         Quando a noite caiu, alguns guerreiros do Reino Razar, abaixaram a ponte levadiça que separava o castelo da cidade, por todo o percurso se estendiam tochas para iluminar o caminho para os convidados que logo chegariam. A noite era especial, pois o Rei ia celebrar o aniversário de maioridade do seu filho e sucessor Alexander.  O salão estava divino cheio de comidas, especiarias e bebidas, a decoração impecável. O piso de mármore branco, as tochas refletiam nele dando um feito belo e ao mesmo tempo sombrio no local.
                Logo as primeiras carruagens começaram a chegar e tanto as damas como os cavalheiros estavam mascarado com máscaras de todas as cores e formas. Algumas com lantejoulas e muito brilho, outras mais elegantes e discretas. O salão se enchia rapidamente e logo os músicos começariam a tocar. O rei já aguardava impaciente que seu filho chegasse quando o viu no alto das escadarias que levavam ao patamar de cima do castelo. Logo todos olharam em direção, as donzelas suspiravam diante da beleza e riqueza que aquele jovem príncipe poderia oferecer.  Alexander notou que já tinha atraído todos os olhares para ele e começou a descer as escadas. Suas roupas belas, usava um sobretudo comprido e largo com mangas longas e amplas, os botões ornamentado com pedrarias. Nos pés botas fechadas com fivelas que cobriam as pernas até os joelhos. Sua pele bronzeada, seus cabelos castanhos claros com o tom de olhos da mesma cor. Cabelos curtos e uma barba comprida. Era símbolo de virilidade e poder.  Quando chegou ao último degrau, bateu palma duas vezes, e os músicos começaram a tocar ma música alegre, e como se todos saíssem da hipnose começaram a dançar e rir alegremente. Alexander pegou sua máscara preta, sem adornos e colocou em seu rosto para se misturar a multidão.
                A festa transcorria de forma agradável e muitos já estavam alterados com o vinho e outras bebidas.  Faltavam duas horas para que finalmente o sino badalasse meia noite e todos tirassem suas máscaras revelando suas identidades.  Para Alexander essas duas horas, pareciam mais como a eternidade, estava cansado e entediado. O maior propósito do seu pai para organizar aquela festa era com que ele conhecesse alguma alta dama da sociedade e pudesse se casar com ela o mais depressa possível.  Suspirou, se sentindo irritado e foi caminhar até o jardim. Precisava de um pouco de ar puro. Sabia que deveria se casar, mas a verdade é que nenhuma mulher que conhecerá até o momento prendia sua atenção. Não era exatamente falta de beleza e sim de um algo mais. Só que ele não sabia o que era esse algo mais que tanto procurava.
                Do jardim conseguia ver todos que chegavam e partiam e ficou impressionado com a carruagem que chegava. Era branca, com adornos dourados por toda parte. Os cavalos que a guiavam eram pretos como o manto da noite e o cocheiro tinha uma postura ereta, rígida. Mas impressionado ficou com a dama que desceu dela. Era a mulher mais linda que já tinha visto em toda a sua vida, mas era mais que isso. Ela tinha um brilho próprio impressionante, que mesmo e longe ele conseguia sentir. Correu até as portas de entrada para vê-la melhor e também para descobrir quem era quando a anunciassem.
                Um dos guardas então proclamou:
                -Dama Badb, vinda do Reino Thorin.
                Ele a olhou e se impressionou, os cabelos dela eram loiros mais puxados para o dourado, caiam até a cintura e cachos perfeitos. Sua pele branca, seu rosto liso e sem marcas, olhos pequenos e também dourados. A boca carnuda e de um vermelho vivo, sua face corada de forma suave.  Seu vestido era longo e dourado, com um pequeno decote, ajustado na cintura e fechado por cordões e com mangas justas.  No pescoço um colocar simples, mas com uma pedra pequena e preta, brincos da mesma forma.  Sua beleza e elegância não eram tudo que impressionava, ela tinha um porte altivo, caminhava elegantemente e emanava energia, força.   
                Badb entrou no salão e logo colocou sua máscara preta com pedrarias em dourado que combinava com o restante de sua vestimenta. Logo muitos cavalheiros a convidaram para dançar, mas ela os recusava com delicadeza e educação.  Estava lá por um motivo.  Precisava alertar ao rei sobre invasores que pretendiam invadir o reinado, saqueá-los e se apoderar do poder. Sabia que o rei Razar era arrogante e não acreditaria. Mas de qualquer forma era seu dever alertá-lo.
                Caminhava por entre os salões, se desviando das pessoas que dançavam, quando esbarrou em Alexsander. Assim que se esbarraram um pequeno choque invadiu seu corpo, junto com um leve tremor. Fechou os olhos para respirar fundo, não podia se transformar ali na frente de todos.
                O príncipe inalou o ar, o cheiro dela também era convidadito. Perfume de lavanda com uma pitada de camomila. Ele conseguia identificar bem os cheiros e as essências de perfumes. Viu que ela fechou os olhos assim que esbarrou nele e se preocupou:
                -Desculpe senhorita, está se sentindo bem?
                -Sim, só está um pouco quente aqui.
                -Quer caminhar até os jardins?
                Badb olhou para ele e sorriu tão parecido com o pai, mas não tinha um ar arrogante e conquistador. Tinha um olhar forte, honesto e de valores. Talvez pudesse dar o recado diretamente a ele.
                -Sim, claro.
                -Te acompanharei.
                Os dois caminharam silenciosamente e já no jardim se encararam, Alexander pensou em desviar o olhar, mas se encantou com a postura dela em encará-lo também sem mostrar constrangimento ou fraqueza por ser uma mulher. Ela era diferente, disso já tinha certeza, tinha brilho próprio. Nunca encontrará nenhuma mulher assim no seu reino e isso o deixava intrigado.
                Ela sorriu para ele de forma simples:
                -O que tanto me olha nobre cavalheiro?
                -Gostaria e vê-la novamente sem a máscara, como quando chegou. È tão linda.
                -Mas só posso retirar a máscara como instrução no seu convite quando o sino der seus doze badalos. Terá que aguardar. Mas por que quer me ver novamente sem ela?
                -È tão linda, tão forte.
                -Ora, deixe de galanteios jovem príncipe. Eles não funcionam comigo.
                -São elogios sinceros senhorita.
                Badb o olhou e suspirou, retirou a máscara e antes que ele pudesse dizer, mas alguma coisa aproximou seu rosto do dele, fechando os olhos. Seus lábios estavam próximos, mas sem se tocarem. Ergueu uma de suas mãos e acariciou o rosto do jovem príncipe. Seu coração batia de forma descompassada, deixando com que ela esquecesse a verdadeira razão de estar ali. Alexander com a voz rouca e sussurrada desviou o rosto e colocou seu lábio próximo ao ouvido dela e disse:
                -Realmente é diferente de tudo minha dama.
                E voltou seus lábios novamente para ela e a beijou, um beijo profundo e apaixonado, doce e ao mesmo tempo desesperado. Suas mãos a agarraram pela cintura como que com medo que ela fugisse assustada. Mas pelo contrário ela correspondia o beijo, quase que sem fôlego. Ficaram assim por um bom tempo, até quando finalmente a hora esperada chegou. Todos nos salões retiravam as máscaras e davam gritos de comemoração e festividade. Badb interrompeu o beijo e o olhou seriamente:
                -Escute, preciso ir, mas tenho que alertá-lo invasores vindo do norte pretendem invadir seu reino daqui a três dias e atacá-los. Tome cuidado e avise seu pai para que vocês possam evitar, mas uma guerra desnecessária.
                -Como sabe disso e porque me alerta? – pergunta o príncipe mudando seu humor bruscamente e ficando irritado.
                -Não posso dizer.
                -Fique aqui que vou chamar meu pai e você dará informações para ele.
                Virou as costas e correu para dentro do salão, mas quando voltou à dama já não estava mais lá. Ele correu até a carruagem dela e abriu a porta com força, mas ela também não estava ali. Na carruagem apenas um corvo dentro. Olhou para aquele pássaro, tão estranho dentro de uma carruagem e notou que os olhos do corvo eram dourados como os dela. Só podia estar enlouquecendo.
                Seu pai não acreditou no alerta, achou que o filho estava bêbado e tinha fantasiado demais. Alexander passou os outros três dias pesquisando sobre a dama, mas não encontrou informação alguma sobre ela. Estava frustrado, mas não podia passar o resto dos seus dias procurando por uma mulher estranha e linda. Sim era linda e isso ele não conseguia esquecer.
                Ao fim do terceiro dia do baile, o príncipe ouviu gritos vindos das muretas e de todas as partes do castelo. Do seu quarto, que era no alto de uma torre pode observar que a ponte levadiça estava aberta e que invasores caminhavam por ali e outros já se encontravam no jardim. Estavam sendo atacados e nem um pouco preparados para isso. Já que a única mulher que o avisará sobre o mesmo tinha evaporado no ar e feito seu pai duvidar do que ele dizia. Notou na janela um corvo parado o observando e um calafrio percorreu sua espinha.  Afastou todos os pensamentos da sua cabeça, pegou sua espada e correu para ajudar os guardas de seu castelo proteger o seu reino. No caminho foi surpreendido algumas vezes, mas estava vencendo a batalha com todos que cruzava com ele facilmente. Como se o espírito da guerra tivesse tomado conta dele. Quando chegou ao jardim viu seu pai parado e um homem apontando uma fecha para ele. Quando o invasor disparou a fecha do arco, ele correu se colando entre a flecha e seu pai. A mesma o atingiu perto do coração, ele sentiu o pulmão doer e fôlego sumir, se curvou, desabando de joelhos no chão. Quando o invasor ia atirar a segunda fecha algo estranho aconteceu.  Vários corvos vinham do alto do céu, voado de forma estranha e ordenada. Um deles pousou perto do príncipe, e o fitava com olhar triste, enquanto os outros ainda voavam baixo sobre os invasores e sobre a luta que continuava ali no jardim.
                O rei não ficou surpreso quando viu o que aconteceu, mas sentiu raiva, pois seu reino e seus guardas eram invencíveis, não precisava de ajuda. Olhou seu filho caído ao chão gritando de dor, dor infligida para salvá-lo, mas não o ajudou. Virou as costas e caminhou para dentro do castelo para se esconder. Foi até seu quarto e pegou a pequena caixa de veludo vermelho que escondia em um dos seus armários. E ficou ali sentado sobre sua cama olhando a caixa e esperando.