domingo, 20 de julho de 2014

Amor, vida e morte por Camila Bernardini






  Paola encontrava-se em seu quarto, as luzes todas apagadas deixavam tudo na mais completa solidão, assim não mostrando a face da menina, verdadeiramente banhada pelas lágrimas que insistiam em rolar pelo seu rosto sem cessar. Com força abraçava seu travesseiro, como se ele fosse dar proteção e a protegê-la do vazio que se apoderava do seu ser em dias nostálgicos como aquele, onde era pega lembrando-se da noite mais especial de sua vida, e que um ano depois se tornaria a mais maldita que pudera viver.
Fechou os olhos para que as lembranças fortemente ainda vividas viessem à tona de uma vez, deixando- a mais indefesa no completo vazio e solitário quarto. Vieram as cenas daquela noite, onde com suas três amigas e uma prima, decidiram matar aula e ir encontrar uns amigos no Led Rock bar.
Iam todas felizes conversando, algumas garrafas de bebida barata e maços de cigarro, acompanhavam as garotas, que resolveram fazer o trajeto de uma hora em meia na caminhada. Elas gostavam do ar da noite, da sensação de aventuras. Todas tinham nada mais nada menos do que quinze, dezesseis anos, e estavam agora começando a aventurar-se pela madrugada a fora.
Chegando ao bar, sentaram em uma mesa do lado de fora, e logo pediram vinho. Alguns goles foram suficientes para deixá-las embriagadas, já que ainda estavam pouco acostumadas cm bebidas e já tinham tomando algumas outras coisas pelo caminho. Julia propôs que fossem sentar nos bancos da praça que ficavam de frente do bar, e onde se reunia a maior galera que curtia rock de Osasco. Todas então foram.
Em conversas sem sentidos, dessas que as pessoas falam besteiras para se descontrair e dar risada, Paola olhou para um banco da praça um pouco mais distante e foi então que o viu. Uma bela figura de um rapaz que aparentava ter vinte anos estava solitariamente sentado ali. Sua única companhia era uma taça de vinho, segurada de uma forma bem elegante. Ele vestia uma boina dessas francesas, um longo sobretudo bege. Parecia ter vindo de uma dessas velhas fotografias de filmes franceses. Seu olhar distante dava um ar misterioso que só completava o cenário belo que Paola via.
Ela intrigada em vê-lo sozinho a uma multidão de pessoas, todas acompanhadas, ficou mais curiosa a respeito daquela figura. Naquela época não entendia que as pessoas às vezes precisavam do ar da solidão para refletir e até mesmo encontrarem algum sentido no caos do mar da vida. Ainda não havia conhecido a amargura, tristeza ou problemas parecidos, era apenas uma garota no início das fases de descobertas. Comentou então com suas amigas sobre ele, todas o olharam, mas não viram nada de tão especial quanto Paola vira neles.
-È, ele é bonitinho é só- falou Tamires, a amiga mais velha da turma.
- Não é só isso. Não sei explicar a sensação que tenho ao vê-lo ali.
- Vamos chamá-lo de solitário? – Ligia falava, era a que inventava apelido para todos da turma.
Conversaram apenas instantes sobre ele e logo esqueceram o assunto. Exceto Paola que não conseguia esquecer a cena de quando batera os olhos naquele ser estranho. Um tempo depois, aparecia Recruta, um amigo punck das meninas.
- E ai gurias! Vamos para o fênix? Vai toda a galera para lá!
Elas então aceitaram e decidiram já ir, pois tanto o bar Led, quanto a praça já estavam quase vazios naquele horário. Foi mais uma caminhada de trinta minutos. Chegando ao lugar, alguns preferiram se acomodar na mesa do bar e outros, caso das meninas decidiram pegar umas garrafas de vinho e ficarem sentados na grama do lado de fora. Paola que se encontrava de costas para o bar só notou a presença do seu Estranho Solitário, quando Julia comentou:
- Paola, olha que está vindo ai!
Paola virou na pressa de ver quem era, achando ser algum conhecido tamanha empolgação que Julia deu a dar a noticia, ao se virar, porém deparou com aquela figura de sobretudo e boina novamente na sua frente. Quase jurou que ele vinha em sua direção, mas ao contrário, ele virou um pouco mais para esquerda, sentando na grama a distância de cem metros delas.
A noite ia alta afora e Paola não conseguia deixá-lo de observar um instante. Esse parecia nem notar que alguém o observava e se notava sabia disfarçar muito bem. Uma hora em que ela estava distraída conversando com Joe, um amigo que acabará de chegar Julia gritou:
- Ele olhou para você.
Ela então virou o rosto com rapidez, mas não rápido o bastante para vê-lo a observar. Quando o olhou, o viu contemplando a lua. Não deixou de transparecer frustração em seu rosto. Joe então intrigado com o comentário de Julia e a cara de Paola, perguntou:
- O que esta acontecendo?
- A Paola esta afim daquele menino sentando ali.
- Aquele sentado sozinho?
- È!
- Vou falar com ele! Paola se assustou, tentando o segurar, mas não obteve sucesso. Quando viu que Joe se aproxima de “Solitário”, pegou sua amiga Ligia pelo braço e foi se esconder no banheiro. Uma atitude totalmente infantil, mas que quase normal do comportamento tímido daquela época. Após algum tempo no banheiro, respirou fundo e de lá saiu. Saindo do bar, antes mesmo de atravessar à calçada viu Joe:
- Onde você estava?
-No... no..banheiro! O coração dela estava acelerado, suava frio, sentia uma leve dor na barriga que se contraia. Ansiosa por saber o que Joe falará com ele, e qual foi à resposta.
- Eu disse que você queria conhecê-lo, ele pediu que fosse até lá.
- Não tenho coragem.
- Quer que eu te leve até lá?
- Que... quero.
Joe tomou a mão da amiga e até achou engraçado notar que estavam geladas, sinais de nervosismo. Levou-a até onde o Solitário se encontrava e lá os deixou conversando. Conversaram por horas sobre coisas relacionadas à magia, universo, música, coisas que gostavam que odiavam. Paola acha que ele não queria nada com ela, além de conversar. Ficou um pouco desapontada, sem saber realmente o que esperava. Descobriu que o nome dele era Moisés, gostava de punck rock e classic rock, trabalhava, mexia com magia, era admirador da noite e amante da lua.
Mesmo estando do outro lado da calçada na grama, a música que rolava no fênix, era alto e dava para escutar nitidamente. Foi quando tocou Light My fire do The Door, que ele a olhou por um instante em silêncio, levando sua mão ao rosto dela. Um calor tomou conta de Paola a preenchendo por todo seu corpo. Era a primeira vez, mas tinha certeza que estava apaixonada por aquele ser misterioso a sua frente. Os lábios dos dois foram lentamente se encostando, até se tornar um beijo longo, profundo e calmo. Um beijo que transmitia paz e ao mesmo tempo euforia no coração dos dois.
Ao fim do beijo, Paola sentia se enfraquecida, como se toda sua energia tivesse sido roubada. Mas não era uma sensação ruim e sim algo nunca experimentado antes por ela. Foi assim que tudo começou, esse dia tornou-se o primeiro de um sonho de amor que achou que só existia em filmes, novelas e livros.
Nesse período de romance parecia viver em plena felicidade que nunca acabaria. Já havia passado um ano e três meses daquela primeira noite, e parecia que as coisas só melhoravam para os dois, que faziam planos de se casarem assim que ela atingisse a maioridade.
Em uma das muitas tardes que passavam juntos deitados sobre a cama, se amando e depois tendo longas conversas sobre o sentimento que os dominavam por completo, Moisés em um longo suspiro perguntou:
- Você aceita ser minha noiva?
Paola não acreditava no que ouvia, era um sonho mesmo. Como não aceitar ser noiva da pessoa que a completava? E que quando estavam juntos pareciam ser um único ser?
- Aceito!
Nessa época foi o início das angustias que Paola começou a passar. Pensando melhor em se casar, viu que ainda não conhecia nada sobre a vida e nem tinha curtido, como balada com os amigos, viagens e coisas do gênero. Será que estava mesmo preparada para casar? Não sabia se queria isso. Passou noites acordadas tentando se convencer de que o amor que sentia era mais forte do que viver qualquer outra experiência, mais não conseguia acreditar nas mentiras que inventava para si mesma.
Dias mais tarde percebeu que sua menstruação atrasará. Estava preocupada. Procurou um médio e quase caiu da cadeira, quando ele disse que ela estava realmente grávida. Saiu do consultório desolada. Vagou pelas ruas, sem coragem de voltar para casa.
Após quase um mês, decidiu que não iria adiante com aquele filho. Sentia medo, muito medo. O amor que sentia por Moisés se tornara ódio por algum período, sabia que a culpa não era só dele do que havia acontecido afinal ela também não havia feito nada para se prevenir. Mesmo assim não conseguia controlar a raiva que sentia.
Moisés sabia que ela estava grávida, mas desde que ela dera a notícia notara o comportamento estranho dela. Paola fugia dele o tempo todo inventando desculpas e mais desculpas, quando ele ligava pedia para que sua avó falasse que estava dormindo. E foi assim por um longo tempo, até decidir mesmo que não teria o filho.
Indo contra todos os seus princípios, abortou a criança, encerrando assim uma vida que surgia em seu ventre. Interrompendo o ciclo evolutivo do espírito que adormecido esperava o momento certo de abrir os olhos em forma de criança e conhecer a Vida. No dia do aborto, dormiu o dia inteiro, para tentar esquecer todas as aflições que vivera naqueles dias e que ainda viveria. O pior de tudo era se sentir sozinha e não poder contar para ninguém como se sentia.
Mergulhou em um estado letal de depressão. Escreveu uma carta encerrando seu namoro, e nunca mais o procurou, apesar de saber que ele tinha sido o seu primeiro amor. E de saber que o sentimento por ele, estava apenas adormecido.
Desse dia em diante mergulhou cada vez mais no poço absoluto da depressão, infinda em trevas. Garrafas de bebidas cada vez mais fortes, maços de cigarros, remédios antidepressivos, tudo misturado nas altas madrugadas frias em que andava sem nem um rumo pelas ruas. Nesse tempo conheceu muitas pessoas, algumas preocupadas querendo ajudar, outras que se uniam pelo elo da depressão e juntas fingiam ser felizes vivendo em libertinos momentos.
Mas ao voltar para casa, adormecendo muitas vezes com a própria roupa que usou para sair, jogada em uma cama fria e sem sentimento, que não a aquecia da falta maior, que era a falta de sentimento que cada vez a abandonava mais, nessas horas via que os poucos momentos que sorriu, dando gargalhadas eram apenas de puro desespero e não porque realmente se sentia feliz.
Aos poucos as lembranças foram dispersas e voltou novamente a completar a escuridão do seu quarto. Fazia dois anos que tudo aquilo havia acontecido e simplesmente não conseguia esquecer. Levantou de sua cama, seu corpo quase sem forças para caminhar, vagarosamente caminhou dirigindo-se a porta do quarto, que foi aberta com total cuidado para não fazer barulho. Desceu as escadas com um fantasma que vagava só e errante durante a noite, foi até a cozinha onde ficava a coleção de algumas facas belas. Pegou uma delas que veio de lembrança de Minas Gerais e voltou ao seu quarto.
Acendeu pela primeira vez em tempos a luz e olhou-se no espelho. Embora tivesse um pouco abatida pelas horas erradas de sono, bebidas e outras drogas. Era uma garota bela. Sorriu diante da ironia de se achar bonita no momento que planejava sua morte.
Com a faca na mão cortou um de seus pulsos, vendo uma de suas veias estourarem e jorrar sangue que se espalhava por todo o chão. Antes de executar até o fim seu plano, ligou seu rádio na Kiss FM e para sua surpresa tocava light my fire do the doors. Ela enfraquecida pela falta de sangue cantou baixinho:
- Kamon baby light my fire, fire...
Não conseguindo parar com os soluços de desespero. Com um último suspiro cortou seu outro pulso, e com o resto de suas forças fez cortes por todo o seu corpo como uma insana. Depois de algum tempo de sangramento, sentiu sua visão escurecer até sentir um mal estar e seu corpo cair tombando ao chão. Ainda não se encontrava morta, apenas inconsciente.
2
Samuel como todo vampiro, caminhava nas ruas desertas de Osasco, procurando uma vitima para poder saborear o liquido vermelho que o mantém vivo, imortal por tantos anos. Entrou em uma das travessas da Avenida Novo Osasco, que devia estar mais deserta. Olhou a placa que nomeava o nome da rua, sempre teve essa mania, de saber o nome dos lugares por onde passava. A rua chamava-se Boaventura Valério de Miranda. Foi subindo por ela, até se deparar com uma praça onde alguns garotos estavam sentados conversando. Embora estivesse com fome não queria atacar um grupo e sim uma única pessoa.
Sentou na praça, observando, foi então que sentiu um forte cheiro de sangue vindo da casa que estava do outro lado. Olhou para casa, muitas plantas na garagem, um portão cinza acabado se ser pintado. No andar cima de onde vinha o cheiro, uma janela gradeada. Com seus poderes vampiricos em poucos minutos se encontrava frente à janela flutuando. Os garotos na rua devidamente hipnotizados para continuarem com o que estavam fazendo, sem notar a presença de um estranho voando por ali
Com sua força descomunal, arrancou as grades e arroubou a janela. Se alguém o estivesse observando ficaria surpreso, em notar que nem uma dessas ações fez barulho, tudo em silêncio e sutileza. Ao entrar no quarto deparou com o corpo de Paola caído ao chão. Olhou o quarto da garota, e sentiu o ar de depressão ao redor de tudo ali. Pegou o corpo que estava morrendo aos poucos no colo e o pousou sobre a cama, de lençóis vermelhos. Embora os cortes, e as feições cansadas era uma bela adolescente.
Sua fome o apertava cada vez mais, embora achasse uma crueldade acabar com o último sopro de vida daquela pobre menina, que perderá o rumo das coisas. Normalmente não sentia dó de ninguém, mas ficou deprimido ao ver uma cena tão triste.
Levantou a cabeça dela, afastando o cabelo para o lado. Tocou na pele macia da garota, ela estremeceu, com o contato frio, embora não tivesse consciência do que a fazia sentir frio. Paola estava desacordada, e as reações eram apenas de seu corpo.
Ele ao vê-la estremecer, beijou levemente sua pele, e foi até sua boca. Lentamente beijou seus cortes tentando sorver um pouco do sangue restava por ali. Pousou então seus dentes afiados no jugular e deu a ela seu beijo de morte.
Ao terminar de saciar sua sede, já se encontrava na janela, pronto a ir embora, quando voltou sentando na cama onde se encontrava Paola. Umas perguntas percorriam rápido sua mente. Será que daria tempo de salvá-la? Será que ela queria ser salva? Olhou no relógio do garfild em cima da estante, os ponteiros anunciavam 04h49min, logo amanheceria e ele não teria tempo de fazer o que planejava. A não ser que... Seria loucura, mais resolveu arriscar, jogou seu sobretudo sobre o corpo da garota e voou com ela para seu esconderijo.
Lá chegando, tratou de cortar seu pulso e deixar algumas gotas de sangue cair sobre os lábios de Paola. Sabia que já era tarde para ela por si própria conseguir absorver o sangue que lhe davam. Aos poucos o corpo dela estremecia, tendo reações. Ele então encostou seu pulso aos lábios dela que sugou o máximo de sangue que pode, até arrancarem o alimento de perto.
Samuel queria vê-la acordar, mas o dia amanheceu e seu sono de transe tomou conta, sem que ele pudesse lutar. Fechou os olhos então e dormiu o sono dos malditos.

3
Mais uma noite caia, imperando escuridão pelas cidades. Samuel abriu os olhos, correndo- o em direção onde deixará Paola ontem. Ela ainda dormia, ele resolveu alimentá-la novamente, fazendo o mesmo processo da noite anterior.
Paola abriu os olhos e para sua surpresa um homem desconhecido a olhava. Não sabia por que mais sorriu para ele, que ficou espantado com o belo sorriso dela. Não entendia como alguém que tentou acabar com a vida, em um último e avançado sinal de depressão conseguia sorrir lindamente daquela maneira.
-Despertou bela adormecida!
- Onde estou?
- Você lembra alguma coisa que aconteceu ontem?
- Lembro de ter dado fim a minha vida, e um anjo ter me buscado. Sabia ser um anjo, pois quando abri meus olhos estava sendo carregada no colo por ele, voando por entre a cidade.
-Você não morreu!
- Como? Ainda estou viva? Aliás, quem é você?
O sorriso no rosto de Paola diminuiu ao saber que sua tentativa fora frustrante. Ela olhou em seu corpo, mais não tinha nenhuma ferida dos cortes feitos na noite passada. Será que ela estava ontem por algum efeito de droga? Acabará sonhando com seu suicídio? E quem era aquele cara na sua frente?
Samuel ao ler os pensamentos delas, riu:
- Garota curiosa você, quantas perguntas fez e quantas outras quer fazer. Irei te responder. Primeiro meu nome é Samuel, mais pode me chamar de Samy e o seu?
- Paola!
- Paola você acredita em vampiros?
- Sou viciada em livros, filmes, mas não acredito que eles possam existir.
- E se eu dissesse que eles existem?
-Diria que você é um lunático!
Samuel respirou fundo, e cortou um pedaço seus lábios com suas próprias presas. Paola ao ver o sangue não se conteve, correu em sua direção o dando um longo beijo, ardente e ao mesmo tempo doloroso, já que o intuito era saborear o vermelho líquido que escorria da boca dele. Ele com sutileza a afastou de si:
- E agora acredita em vampiros?
- O que está acontecendo?
- Te encontrei quase morta ontem anjo. Queria apenas saciar minha sede mais resolvi trazê-la comigo e te trazer do mundo dos mortos. Agora é uma vampira.
- Uma vampira? Vida eterna? Se tudo o que eu queria era deixar de viver! Filho da puta, por que não me deixou morrer?
Paola o socava descontrolada, ele firmemente segurou seus braços e a olhou. Ela olhou tão profundamente para aqueles olhos verdes a sua frente, que se acalmou. Num impulso o abraçou. Há quanto tempo não sentia o calor de um verdadeiro abraço? Samuel a beijou mais uma vez:
- Você tem a escolha de me deixar ou seguir comigo. Ensinarei-te os cuidados que deverá tomar e como ser uma vampira.
- Irei com você.
Os dois se deram as mãos. Talvez ainda não se amassem, mas no fundo os dois eram iguais, ligados pelas trevas. Ela já havia mergulhado nesse mundo desde o dia que deixou a depressão tomar conta e ele desde o dia que receberá o abraço mortal.
Juntos seriam luz, uma ponta de luz na escuridão.

o Anjo Noturno e sua Donzela por Camila Bernardini



A tristeza Divina obscurece os céus

Seres Malditos curvam-se em sintonia

Poetas loucos tracejam, com giz, o caminho dos sãs

Com o mesmo giz que a Deus pertenceria

Não existe fruto, não existe alegria

Só a Morte, trajando preto, nos faz compahia

Diante a Cruz, o símbolo maior

Embriagando-nos com vinho sagrado o falecimento do dia

A vida nunca mais importaria

Nos seres que a escuridão é eterna guia

E para fins diversos que a vida nos traria

A paz era a única que não existia

A Donzela das Sombras visita seu Anjo Nocturno

Seus corpos unem-se em poesia

Desenham as estrelas com o suave toque de seus dedos

E despedem-se antes do cair do Dia A

Donzela das Sombras desaparece na escuridão da Noite

E a saudade grita em agonia

Um Amor amaldiçoado por ironia

Uma vida de pecados, fantasia

Separados pela maldita luz do dia

Só a escuridão da noite, novamente os uniria. ...

E eles esperam a noite chegar.

sábado, 19 de julho de 2014

Fragmentos - história da Agatha por Camila Bernardini




"..Debaixo de uma lua azul eu te vi. Logo você me levará. Em seus braços. È tarde para implorar. Ou cancelar, embora eu saiba que deva ser. O tempo de decisão. Que vem contra a minha vontade...”




                Agatha tinha muitas casas e esconderijos, mas na maior parte do tempo preferia ficar no seu casarão localizado no alto da Lapa, onde tinha conforto, luxo e acima de tudo lembranças, pedacinhos fragmentados de uma vida que tivera antes de se tornar imortal. Pela casa fotografias, cartas, discos e livros.  Todos os itens contavam um pouco de sua história e mesmo sendo um passado doloroso e um passado distante das condições de que vivia agora, gostava de guardar tudo... Aqueles objetos nostálgicos eram o mais próximo que ela poderia chegar de lembrar como era sua vida humana.
                Estava na sala, sentada em uma pequena poltrona de couro preto, na mão uma taça de cristal com o liquido vermelho e precioso, o elixir da vida.  Seu olhar distante, sua postura fria como sempre.  Sua mente vagava por muitos lugares e seus pensamentos a confundiam. Sempre que fechava seus olhos via a imagem da mulher que conhecera noites atrás. Ela era linda, sua pele alva, cabelos ruivos e olhos esverdeados. Com contraste com a pele alva, várias tatuagens marcavam seu corpo. E ela dançava como ninguém. Uma verdadeira deusa em forma humana. Assim que a vampira pousou os olhos nela, logo pensou em seduzir aquela dama e ser sua vítima. Mas algo a impediu, uma força maior fez com que ela se controlasse e não atacasse ninguém àquela noite e desde então não tinha saído mais do seu casarão. Se alimentado apenas com o sangue que seu criado trazia diariamente.  Não era tão prazeroso como o sangue vermelho e quente misturado com o medo de suas vítimas, mas por alguns dias foi o suficiente. Em devaneios mal notou quando seu criado entrou na sala:
                -Senhora?
                -Como ousa me incomodar?
                - Eu só pensei que talvez essa noite a senhora quisesse sair, estou preocupado, há dias não se alimenta direito.
                - E desde quando isso é da sua conta?
                Agatha levantou do sofá de forma tão ágil, atirando a taça que estava em mãos na parede próxima, aonde os pedacinhos de cristal iam se estilhaçando. Pegou seu criado pelo pescoço e o arremessou contra a parede.
                -Meus criados não falam apenas me obedecem. Da próxima vez eu te mato sem pensar duas vezes seu verme.  E agora limpe toda essa bagunça.
                -Sim senhora...
                A vampira olhou pela sua janela, e deixou seus olhos vagarem pela noite e ir de encontro ao céu. Céu esse que devido a sua maldição segundo as lendas, seria renegada. As estrelas e a lua brilhavam com intensidade. O brilho azul da lua, o clarão das estrelas e a brisa fria fizeram com que ela fechasse os olhos por um instante. Se ainda fosse viva, se ainda fosse humana naquele momento teria soltado um longo suspiro.  Mas já não podia respirar, há muito tempo emoções tolas não a invadiam. E tudo o mais era deixado para trás somente para que ela pudesse saciar sua fome. Seu real e intenso prazer era perfurar a jugular e drenar o sangue, drenar toda a vida de um corpo. Era seu orgasmo, seu ápice. Viveria milhões de anos, mas sempre solitária. Afinal todos morriam, todos envelheciam, tinham sua própria família. Mas ela não. Ela fora roubada e tudo isso. E aos dezenove anos perdeu toda a chance de uma vida normal.
                Nunca esqueceria a noite que tinha se transformado em vampira. Era uma noite comum como tantas outras. Estava fazendo sua caminhada noturna, gostava de caminhar e correr para relaxar.  E gostava de fazer isso à noite, quando a cidade estava mais silenciosa e quando o mundo pertencia a ela. O silêncio, correr, respirar o ar da noite, e a lua, ah a lua, principalmente nas suas noites mais esplendorosas tinham o poder de acalmá-la e relaxá-la como nunca.  Quando parava de correr e voltava a caminhar em passos lentos, sua mente sempre já estava vazia. Somente a sensação de paz e bem estar a invadiam. E em uma dessas noites, quando terminou seus exercícios e voltava para casa, não notou que um homem estranho há seguia. Foi notar somente quando já no portão da sua casa, o homem por trás encostou um revólver na sua cabeça e com a voz baixa e rouca disse:
                -Venha comigo!
                Agatha estremeceu, mas o medo da morte e de levar um tiro fizeram com que ela não tivesse nenhuma reação que pudesse assustar o homem e ele optasse por matá-la ali mesmo. Ele a conduziu para uma viela escura e vazia, e ainda apontando a arma para ela, empurrou-a na parede e com sua mão livre começou a acariciar seus seios e logo passar sua mão por entre as pernas dela. Entendendo o que estava acontecendo, Agatha começou a chorar, iria ser estuprada por aquele homem imbecil e nojento.  Começou a chorar e em soluços pediu para que ele a deixasse em paz.  O homem apenas gargalhou e começou a rasgar as roupas da própria garota. Sem se importar com soluços, com o corpo que tremia a sua frente.  Como um animal implacável atacava o corpo da garota e a mesma só chorava. 
                Ela fechou os olhos e implorou para que aquilo acabasse rápido, estava com nojo dela mesma por não conseguir impedir aquele homem de violentá-la.  Foi então que nessa maré de angústia sentiu quando o homem foi arremessado longe.  Ele havia caído alguns metros de distância dela. E sua frente uma mulher. A mulher era tão linda que parecia um anjo, seu tom de pele, mais pálido que o normal, seus cabelos loiros e encaracolados.  Aquela mulher misteriosa em um segundo estava a sua frente, no outro estava ao lado do homem caído ao chão. Agatha gritou de terror, quando viu o anjo loiro cravar os dentes naquele homem e como uma vampira sugar todo o sangue dele. Como uma vampira, sim, isso só poda ser um pesadelo. Nada daquilo podia estar de fato acontecendo com ela.  Sua visão escureceu e nada mais viu.  Quando acordou e abriu seus olhos viu que estava deitada em uma cama desconhecida e em um lugar desconhecido. Acariciando seu rosto e seus cabelos, estava àquela mesma mulher que há tinha salvado. Então não tinha sido um pesadelo? Queria pensar um pouco mais em tudo aquilo, mas as carícias daquela mulher estavam cada vez mais intensas e ela começou a se excitar. Agatha ficou com a respiração entrecortada, quando a mulher loira a sua frente deslizou suas mãos por entre as coxas dela, brincando um pouco mais, antes de subir a mão para sua virilha e seu sexo. O anjo loiro acariciou cada parte do seu corpo, e quando percebeu que Agatha estava completamente excitada, gemendo baixinho, deu seu beijo final e de morte, encravando seus dentes no pescoço da garota. E por alguns minutos eternos drenou todo o sangue que podia toda a vida que podia. Logo em seguida com sua própria unha fez um corte em seu seio esquerdo e deu para que a Agatha tomasse. Tudo depois disso são lembranças confusas, noites estranhas, de delírios, corpo queimando e ardendo, sentidos aguçados, a claridade e o sol foram perdendo o sentindo. Até não existir mais para ela. Talvez nesse período pudesse ter sido passado apenas alguns dias, meses, semanas. O fato é que Agatha não se recordava de quanto tempo levou até que toda a dor e o delírio chegassem ao fim. Lembrava apenas de uma noite ter aberto os olhos e enxergado o mundo de outra forma. Descobriu aquela noite que seu anjo loiro era uma vampira que seu nome era Daniele e que essa vampira tentava proteger as mulheres que encontravam das maldades que os homens praticavam com elas. Agatha então descobriu como os homens eram nojentos e patéticos, e toda vez que se lembrava da forma como aquele homem estranho tinha a violentado, sentia uma raiva gigante por homens. E decidido então que iria utilizar da própria fraqueza delas uma arma: o sexo. E acabaria com quantos homens pudesse. Nessa vida solitária se ser uma vampira.·.
                Agatha abriu seus olhos e mais uma vez se encontrava no presente e na sua sala. O criado já havia limpado a sujeira e os vidros quebrados da taça e inclusive se retirado do recinto. Ela voltou a sentar no seu sofá, e esfregou suas mãos na cabeça. Quando se tornou vampira jurou matar quantos homens pudesse, atraindo eles para sua morte com o sexo. Sexo que sempre os enlouquecia. Mas de umas noites para cá se questionava se todos os homens mereciam mesmo morrer, se todos eram cruéis.
                -Mas claro que é minha cara.
                A vampira reconheceu a voz imediatamente.
                -Como pode saber Daniele?
                -Você já conheceu algum homem puro?
                Agatha não respondeu, mas essa pergunta à fez lembrar o rosto que de fato a estava atormentado. O rosto que de fato estava trazendo tantas lembranças e questionamentos na sua vida de uns tempos para cá. Com fúria descontrolada foi até a cristaleira que guardava louças antigas de sua família antes de tudo e a atirou de uma vez no chão. Louças quebradas, tudo estilhaçado pelo chão. Daniele olhou para ela surpresa, mas nada disse.  Agatha contornou todas as coisas quebradas e sentou em um canto do chão. Chorou por alguns instantes, lágrimas de sangue caiam sobre seu rosto.  Queria que esse tormento acabasse, queria tiraras imagens daquele garoto de sua mente e principalmente se recusava a acreditar que depois de tanto tempo poderia ter uma emoção humana e ainda que tivesse sido desperta por um simples menino.  Aquilo teria que acabar.

domingo, 13 de julho de 2014

O mármore por Camila Bernardini

O Mármore



Eu te ouço chorar tão longe daqui
Eu enxuguei suas lágrimas como se você estivesse ao meu lado
Mas eu sei, ainda não está
Meus ombros estão molhados mesmo assim
Minhas orações inúteis não estão bastando para curar
As velhas feridas tão profundas e tão queridas
A revelação é odiosa e medonha
E a crua realidade nos mata pouco a pouco
Você é meu sacramento
O sacramento do amor
Meu corpo esta mutilado
Diante o mármore do Sacrifício
Não há sangue, não há vida
Não há mais brilho em meus olhos
Fostes e levastes minha seiva
Junto ao meu frágil coração
Apenas o mármore acolherá minhas lágrimas
Escorrendo de meus olhos carmesins
O que restarás então
Se minha manhã não tem mais o mesmo brilho
A distancia é uma serpente entre nós
Que rasteja e nos separa pouco a pouco
Ouço seu pulso e sua respiração
Seu sussurro ao cair do dia
Eu necessito tocar seu corpo
Como necessito do ar que respiro

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Pequena Sophie parte final por Isabela Santos



Nta: Eu escrevi a primeira parte dessa história e convidei a Isabela Santos para escrever a segunda parte da Pequena Sophie. Isabela com doze anos já tem um talento incrível para escrever e uma imaginação maravilhosa. Apreciem:





Aquele só podia ser um dia mais que infeliz. A fada não queria que fosse assim. O vampiro... ele era tão doce, disse que a admirava, A sua mordida, foi tão doce...nada da dor que imaginava ser. Porque era tão incompreendida? Sophie estava se sentindo péssima. Depois de chorar tanto, estava com muita dor de cabeça. Como iria aguentar aquilo? Ela não suportaria. Isso era uma história de amor impossível, eles não eram da mesma natureza, e ela fora feita para ser rainha do lugar onde vivia. Mais será que ela era capaz de abandonar tudo para viver uma história de amor, que talvez nem exista? Ela não sabia se o vampiro tinha usado seus poderes sobre ela, e isso era cortante.
De repente, ela se lembrou de Uma história. A história que todos deveriam saber. O conto estava em um livro sobre lendas, que a fada leu, e gostou muito. Falava sobre a lenda do Sol e da Lua. Talvez a história mais triste que já tinha lido. Ela lembrava direitinho do acontecido com a Lua e o Sol:
“ Uma infinita escuridão cobria todo o universo. Então, Um deus, criou o sol, Guaraci, para iluminar todo o universo com sua luz. Certa vez, Guaraci ficou cansado, e precisou ir dormir. Enquanto fez isso, a escuridão voltou a se impor no universo. Então esse deus, criou Jaci, a lua, para iluminar o universo enquanto Guaraci, o sol, estivesse dormindo. Num breve instante, enquanto Guaraci acordava, e Jaci ia dormir, os dois se viram e se apaixonaram. Mas, infelizmente, eles não podiam ficar juntos. Então, esse deus criou Rudá, o amor, para ser mensageiro do casal. O amor Rudá, não conhecia a escuridão, nem o impossível. Dia ou noite Rudá podia dizer à Lua o quanto o Sol a amava, e podia dizer ao Sol que o seu amor era correspondido. Atendendo a um pedido de amor do Sol, esse Deus criou as estrelas, para que pudessem fazer companhia para Jaci, a Lua, durante o dia. Mas, mesmo assim, Jaci estava triste. Então, esse Deus com sua bondade infinita, Criou o eclipse, fazendo com que o Sol e a Lua se encontrem de vez em quando, e fazendo com que a afirmação seguinte é possível: O amor não é impossível, e sempre vence as barreiras.”
 A fada realmente se lembrava da história. E isso a deixava triste. O fato de não poder amar o vampiro. E ela se via nesse caso como o Sol e a Lua.
      Sophie, neste momento, sentia que estava  dentro da própria história. Sentiu vontade de chorar de novo. Olhou para as estrelas. Foram feitas para fazer companhia para a Lua. Mais a Lua ainda se sentia solitária, sem o amor do Sol, que para Sophie,era um guerreiro. “...Os vampiros são seres do inferno querida, dizia seu pai, eles são seres das trevas, maldosos por natureza, eles não pensam duas vezes antes de morder alguém e tirar-lhe a vida, só para saciar a fome incontrolável que esses demônios têm por natureza. O sangue e a luxuria são os modos que fazem esse ser viver. Nunca se deve confiar em nenhum monstro dessa espécie, pois você estará dirigindo a si mesma ao próprio diabo em pessoa, ou melhor, em morto-vivo entendeu?”
A lembrança triste, a fez querer chorar de novo. O vampiro não podia ser assim tão mal. Ela se sentiu atraída por ele, sentiu como se estivesse vendo sua alma gêmea. Sentiu como se fosse um amor à primeira vista. Mais o amor é bobo, e às vezes cego. Ela podia muito bem estar sendo enganada. Então ela se lembrou das palavras do vampiro: “Você não entende minha fada. Eu a amo tanto. Sua luz, energia e beleza me deixam extasiado. Mas devido a minha maldição só quero admira-la de longe. Não quero de forma alguma te machucar”.
 O vampiro tinha mordido a fada. Isso foi diferente. Um sentimento diferente. Os pensamentos de Sophie estavam embaralhados. Ele disse que a amava. Por que teria motivo para mentir? Por que iria machucá-la? Não tinha motivo para isso. Olhou para a Lua. Sim a linda Lua, magnífica deusa, com seu brilho majestoso e carinhoso. Sensível e perdida com suas lamurias, sempre com seu jeito Angelical, e perdida em seu amor, o sol. Como dois seres diferentes por natureza podiam se apaixonar? Como eles iriam viver? A fada estava pensando demais, e fazendo pouco. Ainda estava se sentindo cansada pela mordida, pois o Vampiro drenou um pouco do seu sangue. E ainda estava confusa sobre os seus sentimentos. O fato de talvez o vampiro não gostar dela, a cortava como se fosse uma adaga feita perfeitamente para o seu coração, que já estava sendo enfiada, e ao mesmo tempo perfurava-lhe a alma profundamente.
 A fada estava mergulhada na tristeza, a sua alma estava perdida em suas lagrimas, afundada num mar de repentina solidão, onde angustia e escuridões se encontram. Mais ela não podia ficar parada. Repentinamente, saiu do galho da delicada arvore, e começou a voar de um lado para o outro, pensando em um plano. Até uma coisa interferir: Cassius.
Ele veio voando por trás, e a pegou de surpresa. Estava com cara de descontraído, mais seus olhos estavam brilhando de preocupação. Ele contrai os lábios, até eles formarem uma fina linha. Depois de alguns minutos de silencio, ele pergunta bem baixinho, e bem devagar:
-O que aquele monstro fez com a minha querida fada? Olhe para você! Está toda chorosa por esse vampiro! – ele inspirou profundamente o ar, profundamente irritado.
 - Eu já disse! Ele é bom! – gritou Sophie, desesperada
. - Ele não é bom Sophie! O que você vê nele? – grita Cassius
 - Eu acho que o amo- sussurra Sophie.
 - Como pode fazer isso comigo? Esse vampiro te seduziu Sophie! - gritou Cassius, que logo agarrou a fada, e a trouxe junto de si - eu a amo, não faça isso comigo! Volte a ser a ser a minha fada, minha esposa! Minha querida Sophie, venha agora para a assembleia, e prove que você me ama! Casa comigo e una os laços de nossas famílias!
 Ao dizer isso, Cassius puxa Sophie para um beijo de forma violenta. A fada não gostou nem um pouco desse beijo, e com toda a força tentou se afastar de Cassius, que ficou surpreso com a reação dela. Ela também surpreendeu-se com sua repentina repulsa. Ela estava se sentindo diferente. Olha para Cassius, confusa, e ele com a mesma reação. Então, com pensamentos embaralhados, ela retira-se da presença dele bruscamente. Precisava refletir mais! Não, ela não podia ficar parada. Tinha que tirar Israel de lá imediatamente!
A fada já estava decidida! Ia escolher Israel. Por mais que ele só tivesse a usado. Ia lutar por este amor, que talvez existisse apenas em sua imaginação. Ela sabia que estava sendo tonta, mas ao lembrar-se do olhar apaixonado do vampiro, e suas palavras, o coração parecia pulsar mais forte. Mas, e se ele apenas usou seus poderes sobre mim? Expulsou esse pensamento da mente. Pensou-: Se quero uma coisa, tenho que lutar por ela. A biblioteca da cidade das fadas estava cheia de novidades, mais também cheia de antiguidades raras que podiam ser desfrutadas livremente. Foi lá que ela pensou em achar o seu lugar, seu cantinho, onde poderia se ajustar, e descobrir alguma coisa que podia lhe ajudar. E foi para lá que ela foi.
Ao chegar pegou o primeiro livro que viu na parte de romances, precisava ler para abrir sua mente para novos planos, novos lugares. O Livro Falava sobre amor. Iria ajuda-la a se ajustar no seu mundo, sua mente que estava embaralhada. Precisava saber mais dessa coisa às vezes complexa, às vezes simples chamada amor. Lá estava Um conto sobre um amor sobrenatural. Ela abriu em uma pagina qualquer e se deparou com o seguinte: Em nome do amor, eu digo: não existe regras para se amar. Se essas regras existirem, elas devem ser quebradas. Porque amar não é uma escolha, e sim um acontecimento inesperado. Por tanto, não sabemos por quem vamos nos apaixonar, só sabemos que se for verdadeiro, devemos insistir e lutar por ele. No amor, não existe raça, idade, cor, ou o que quer que seja. O amor sempre acha um modo de se instalar, nos lugares mais impossíveis de se acontecer. Para o amor não existe a palavra impossível. A fada fechou o livro. Lagrimas caíram por seu rosto. O que fazer com esta dor da separação que assola o meu coração. Quantas coisas passam pela minha mente: família, tradição, amor, paixão, vida e ilusões. Não, não pode ser ilusão o que estou sentindo por Israel. Isso só pode ser amor, porque este encontro provocou em mim um sentimento único que tocou profundamente o meu ser .    Aprendi que o amor é um sentimento sublime que une almas e transforma até o que é impossível. Eu não quero magoar ninguém, mas tenho o direito de lutar por minha felicidade. O que estão fazendo com Israel é injusto, é julgamento errado. Nem tudo que parece ser ruim é ruim e nem tudo que parece ser bom é bom. Enganamos-nos com as pessoas e suas reações, por isso eu creio na bondade do meu amado vampiro. Pensou a fada.
 Realmente a fada Shophie não estava errada em relação a sua visão sobre Israel. Mesmo sendo vampiro, cujas características são de um ser frio e que não se importa com ninguém, Israel foi transformado pelo amor, fruto do encanto e doçura de Shofie que há tempos vinha sendo observada na floresta. Noite após noite o amor daquele vampiro foi crescendo e transformando seu coração de pedra em um coração revestido de um amor puro como o de Sophie. Mas o que fazer? Pensava Shofie embrenhada na floresta. Neste momento se suprema angustia, pois sabia que ao amanhecer seu doce e amado vampiro seria exposto ao sol para morrer na presença de seu povo. Antes de colocar seu plano em prática, ela precisava de uma coisa: Conselhos. Mais não seria de uma pessoa qualquer, e sim da velha bruxa da floresta. Sim ela mesma. Como ela era uma bruxa, poderia ajudar. Não demoraria muito chegar até a casa da velha. Ela poderia lhe dar bons conselhos, e poderia lhe ajudar na sua situação. Tinha escolhido a mesma, porque era muito sábia, e sempre várias pessoas a procuravam para pegar poções, desabafar suas lamurias e etc. Enfim, a fada voou para a casa da bruxa, esperando lá encontrar um conselho. Ao chegar lá, bateu e esperou a velha atender. Na hora em que atendeu, a velha olhou para a fada fazendo uma careta.
Sophie disse:
 - Eu preciso da sua ajuda! Não sei o que fazer!- disse chorando.
 - O que aconteceu garota? Para você vir a um hora dessas aqui em minha casa....
 - A senhora... Me desculpe vir a essa hora, mais algumas coisas estão.... daí então...eu achei que a senhora podia me ajudar. – A fada mal conseguia formular as palavras, deixando-as inacabadas. Frustração e tristeza estavam estampadas em seu lindo rosto. A velha bruxa acolhe Sophie em sua casa, e a fada acaba contando tudo para a velha. Rosana ( nome da própria) , disse muitas coisas, sendo elas sobre amores, reinos e tudo mais. mas uma chamou sua atenção:
 - Minha querida- Falou ela, bem devagar- Você terá que escolher entre sua família, e o vampiro. Uma coisa eu digo: Se você escolher o vampiro, sua natureza não vai deixar você viver esse amor. Para isso você vai ter que sacrificar sua natureza. Mais nisso eu não vejo problema. Mas Você terá que deixar de ser uma Rainha, deixar seu povo, irá virar a traidora, o fardo que o Reino em que viveu teve. Isso vai deixar marcas em seu povo. – a velha fala, friamente.
 - Entendo – diz a fada, tristemente. Ela talvez fosse fazer isso, destruir seu povo por um amor. Como ficaria, vendo o seu povo se destruindo sem uma Rainha? Mais depois de pensar alguns minutos, ela fala:
- O que quis dizer com “ para isso você tem que sacrificar sua natureza, Mais isso não vejo problema”?
 - O vampiro te mordeu não foi?
 - sim
 - Está Se sentindo mudada?
- Sim...Mais ou menos...
 - Me diga o que está sentindo
- Um pouco mais de raiva, me sinto mais forte, mais desafiadora... – A fada nem tinha terminado de falar, porque a bruxa já tinha a interrompido.
- Isso pode ser fruto da mordida. Ou seja, você pode estar se transformando.
 - Como assim? – a fada ofegou.
 - Isso mesmo querida! Agora, vá, porque eu tenho muitas coisas para fazer. – Diz a bruxa, já empurrando a Fada para fora de sua casa, mas antes que a bruxa pudesse bater a porta na  sua cara , Sophie perguntou:
- O que acontece se eu abandonar o meu reino?
 Depois que Sophie fez a pergunta, a bruxa hesitou. Olhando tristemente para os olhos da fada, disse:
- Seu pai e sua mãe ainda estão vivos, poderão ter outros filhos se quer saber. Mais seu pai e sua mãe ficaram muito felizes quando souberam que teriam alguém para governar depois deles. Eles vivem para te ensinar tradições e modos para ser rainha. Imagine a tristeza deles, ao saber que sua filha que fora criada por anos pra ser uma rainha, irá abandonar o cargo para viver um amor por aventura? Claro, se você estiver se transformando em vampira, não poderá viver mais em seu reino. Seu pai e sua mãe irão governar até gerarem outro filho. Mas a primeira filha deles será uma decepção. Porém, são de 100 % as chances de você estar se transformando. Isso é só uma etapa que vai se passar, mas acabará a metamorfose e você vai se transformar em uma criatura das trevas. Agora, eu não posso mais falar, porque tenho muitas coisas a fazer. Boa noite, Sophie – e assim, a bruxa bate a porta na cara da fada.
O que ela iria fazer? Não queria abandonar sua família. Mais se tiver se transformando, terá que fazer isso. Por este e outros motivos ela não queria virar um fardo para o seu reino. Mas a bruxa disse que ela podia estar se transformando. Sendo assim, pelo menos, poderia viver ao lado de Israel. Seus pais iriam governar o Reino até ter outro filho nascer. Mas, e se eles não tivessem e morressem? Alguém seria eleito, pensou a fada. Esses pensamentos estavam embaralhando sua mente. Mas uma única coisa estava em sua mente, e a fada estava determinada a fazer: Resgatar Israel.
 A masmorra era dentro do próprio palácio onde vivia. Ela sempre sabia a rotina de lá. O guarda tinha dormido em seu posto, como sempre dormia em seu turno. Sophie tinha conseguido entrar na prisão, enrolando outro guarda que estava de plantão com um papo furado. Enrolou também outro guarda que estava em um canto do lugar horrendo, e perguntou onde Israel estava. Primeiramente, ele desconfiou, disse severamente que não poderia liberar essa informação, e que estava indignado, ao saber que ela, a futura rainha, queria ver a tal criatura, mesmo depois do acontecido. Mais depois de um bom papo, dizendo que o rei tinha dado permissão, ela conseguiu convencer o guarda a levá-la onde o vampiro estava. O plano, até àquela hora, estava um pouco fácil. Mas que venha a parte difícil- pensou a fada. O guarda a leva até um corredor, onde grossas portas bem revestidas por um aço especial prendiam o jovem vampiro. A fada olha o horrendo lugar, todo mofado e sujo. Com certeza, era realmente, o lugar onde uma verdadeira pessoa com muita maldade no coração devia estar. Mas o seu vampiro era bom, ele podia ter tirado vidas, mas ele era bom. Ao chegar o local onde Israel estava preso, viu que estava cheio de guardas na entrada. O chefe dos guardas hesita muito, acha estranha a atitude de Shophie, mais acaba por acenar para os demais guardas que estavam em seus postos para a deixarem entrar no canto escuro onde seu vampiro fora colocado. E lá estava ele. A imagem mais lastimável que já tinha visto. Estava de cabeça baixa, preso a parede por dois pares de um tipo de algemas, e todo enrolado em correntes de prata. Ele estava sangrando, e isso fez os olhos de Sophie marejarem. Mais não era hora de chorar. Um misto de raiva, muita raiva e de frustração, invadiram o coração de Sophie, que por sua vez, virou-se para o guarda, e olhando-o fixamente disse:
 - Pode me deixar sozinha por uns instantes com ele?
 - Deixar você com uma criatura dessas? Uma criatura que te mordeu te hipnotizou. Mesmo acorrentado, ele ainda é perigoso.
 - Não se preocupe, comigo ele não é perigoso, e, além disso, o rei me deu permissão para estar aqui. Não vê que está acorrentado, então está fraco, portanto não poderá me fazer nenhum mal, ok?
O guarda a olhou furioso por uns instantes, mas depois, saiu. Sophie olhou o vampiro de novo. Ele estava acabado. Todo sangrando. A imagem do vampiro sendo torturado lhe veio a sua mente, e isto a angustiou profundamente. A raiva e a frustração se transformaram em algo maior, uma coisa que lhe pesou o coração, e uma força invadiu sua alma. Se aproximou dele, hesitante. Tocou seu rosto. Ele era frio, seu rosto bonito estava machucado. Ao tocar o vampiro, Ele abriu os olhos. Estavam vermelhos como sangue. Ao levantar a cabeça e ver a fada, ele piscou os olhos, que voltaram a ser verdes. Passaram alguns minutos de um silencio mortal. Quem acaba por quebrar o silencio, foi o vampiro.
 - Você? – sussurra Israel, com a voz fraca.
 - Sim, sou eu, sua fada. – diz Sophie, com olhos marejados.
- Minha amada nunca vou esquecer a sua doçura. Nunca vou esquecer o seu olhar. Nunca vou esquecer como você é a melhor coisa que aconteceu em minha vida. Você com toda sua luz e cor, iluminou a minha vida opaca, você trouxe admiração aos meus olhos, uma coisa que não sentia a muito tempo em minha vida pacata e chata, sempre marcada pela estranheza de minha vontade, que é de beber sangue.
 - Israel... – disse Sophie, com lagrimas escorrendo pelos olhos.
 - Não, me deixe falar primeiro. Saiba, que por mais que o destino, que as vezes é muito mal com a gente, as vezes acaba pregando peças, e colocando pedras em nossos caminhos, te dá a chance para você escolher, entre levantar ou ficar no chão. Ele pode te matar, mas aprenda que isso é só uma oportunidade para reconstruir o que você fez. Às vezes é a oportunidade para reconstruir o que nós próprios fizemos, e conseguir o perdão de quem ofendemos. O destino sempre lhe dará a oportunidade para você fazer escolhas, e é essa a escolha que estou lhe dando. – diz ele, todo sério.
 - Porque está falando isso? – pergunta a fada, não entendendo onde ele queria chegar.
- Minha querida, o destino pode ser bom. Olhe, ele te trouxe a mim. Mais ele, que sempre gosta de pregar peças, me trouxe aqui, e agora estou pronto para ser queimado a luz do sol. Mas não posso esquecer, que algum dia houve amor entre nós. Eu estou dizendo isso, porque estou sentindo, no fundo do um coração, que está acontecendo alguma coisa com você. Estou dizendo, que acabei te transformando em vampira. Mas, a minha mordida não foi o suficiente para te transformar por completo. – O vampiro olha Sophie seriamente – o que quero dizer, é que eu não quero te pressionar, mas você terá que escolher entre mim, seu reino e sua família. O efeito da minha mordida passará com o tempo, e se você quiser poderá ficar com sua família. Mas se quiser ficar comigo, lhe darei uma mordida final, onde nossos laços se encerrarão, e você será vampira para sempre. Só não sei se seu coração cheio de amor e luz, aceitará ficar cheio de trevas e ódio, não sei se o seu coração vai querer ser alimentado pelo medo, que será a coisa que mais verá ao se transformar em uma vampira. Você verá de tudo e um pouco mais, então só quero te avisar, e quero que faça sua escolha.
 - Eeeu-eu não estou entendo... mas, deixe-me tirar você daqui primeiro. Eu sei um modo de lhe tirar desta prisão – Gaguejou Sophie, entre lagrimas.
 - Meu amor, não chore. Estou dizendo que será impossível viver um amor onde sua família ou eu estarei entre ele. Eu sei, que quando se ama, você enfrenta todas as barreiras, mais é muito difícil um vampiro como eu, se controlar. O melhor a fazer, é uma escolha. E antes de você me tirar daqui, quero saber qual é ela.
- Que patético, parabéns ao casalsinho ridículo – Uma voz fria e raivosa vem da porta da prisão. Era de seu pai. Ele estava com Cassius e o guarda que a havia trazido ali, e mais alguém. Junto deles, havia uma moça loira, bonita, com pele branquinha e olhos verdes. Conheço esses olhos de algum lugar...
 – Por favor, continue essa cena tocante, quero ver mais dessa cena de amor idiota.
 - Pai?
 - Meu Rei, peço que mesmo sendo sua filha, mate essa traidora junto com o vampiro! – diz Cassius, apontando um dedo acusador para Sophie – Sua filha é um fardo, que não precisa ser carregado por nosso reino! O rei olha sua filha com decepção e raiva nos olhos
– Sophie faça o que o vampiro falou. Neste momento escolha. Você escolhe a mim, sua mãe e a Cassius, ou esse ser, do qual sinto repudio?
 - O senhor ouviu até que parte de nossa conversa? – pergunta o vampiro, surpreendendo a todos, incluindo o Rei.
 - Cale- se vampiro inútil, estar se dirigindo a você, é estar se dirigindo ao próprio diabo em pessoa. – diz, com o rosto em chamas de tanta raiva – mas, mesmo assim respondendo a besta que você é, eu ouvi só a ultima parte – diz o rei com olhar pensativo.
 - Ela está se transformando, e assim eu lhe dei a escolha de carregar um fardo. Talvez sua filha seja uma vampira. Acolheria sua filha mesmo assim? O rei, confuso, olhou o vampiro por alguns instantes. Depois disso, um olhar de compreensão passou por seu rosto.
– O que? Já parou para pensar no que você está dizendo? NÃO! MINHA FILHA NÃO É UMA VAMPIRA! - o rei berrou com toda sua força – ELA..... ELA NÃO PODE TER FEITO ISSO! ELA NÃO VAI NOS TRAIR! GUARDAS! LEVEM MINHA FILHA PARA O SEU QUARTO IMEDIATAMENTE, E TRANQUEM-NA LÁ.
 Sophie nunca tinha visto o rei tão furioso. Sempre viu o seu pai sendo amoroso e compreensivo. Mais furioso assim? Jamais tinha visto. O que a tirou de seus devaneios, foi dois pares de braços lhe agarrando e tirando-a de lá a força. Sophie gritou e se debateu o máximo que pôde, mais suas tentativas de escapar foram inúteis. Por fim, acabou sendo levada ao seu quarto, e trancada lá. Ela ficou esperando alguns minutos de desespero, até o seu pai, junto de sua mãe aparecer.
- Filha? – sua mãe, sempre com sua doçura e delicadeza, disse. A mulher tinha seus lindos e bem cuidados cabelos negros presos em um coque. Pele alva, e olhos verdes iguaizinhos o da filha. Aparentava ter 30 anos, com pequenas rugas nos olhos. Sua doçura e gentileza, encantava a qualquer um. Ela tinha os mesmos traços de sua mãe.
 - Sim mãe? – Diz Sophie, entre soluços, deitada abraçada em seu travesseiro.
 - Oh, filha – a mãe estava chegando perto de Sophie, quando seus pai a interrompeu:
 - Pare minha esposa. – e assim, submissa que era, a Rainha fez o que lhe foi ordenado.
 - Filha – o rei disse, bruscamente – Se vista de preto, amanhã você terá uma besta para enterrar – os olhos de seu pai estavam queimando. Ele era um homem alto, másculo, Olhos verdes, e cabelos negros. Muito bonito. Mais neste momento, Sophie estava com raiva demais para admirá-lo.
- Você não pode fazer isso! Não tem coração? – gritou Sophie
- Eu tanto posso, como vou fazer isso Sophie. Fique quieta agora! Amanhã verá seu vampiro ser queimado a luz do sol, e essa praga que caiu sobre você será exterminada - Diz seu pai com frieza.
- Mas... Pai! – grita a fada
- Mais nada Sophie, tenha uma ótima noite, E sonhe com seu vampiro , seu ultimo sonho que será a ultima lembrança que terá dele, porque não vai restar mais nada em você, só restará sua perdição. O hipnotismo que ele tem sobre você acabará, e você vai ver que ele nunca foi quem você pensava ser. – o Rei só queria jogar palavras, como se fossem adagas bem afiadas prontas para ferir. As suas palavras, ou seja, adagas de ódio e repúdio estavam ferindo-a em seu corpo e sua mente. O rei só queria corta-la com suas palavras, só queria deixá-la para baixo. Ela não ia ficar assim. Antes de Sophie sequer dizer alguma coisa, a porta foi fechada em sua cara, pela segunda vez no dia. Ela não podia fazer nada, estava trancada em seu quarto. A única coisa que poderia fazer era deitar, e mais uma vez, se afogar em suas lagrimas. Mas antes disso, resolveu ler um livro sobre seres sobrenaturais que se amaram... e o amor havia dado certo.
 Algumas horas depois... Já era hora. O amor de sua vida iria ser morto. A fada não estava acreditando nisso. Sua esperança, seu amor, tudo ia ser sacrificado, tudo ia ser queimado a luz do sol, junto com seu vampiro. Eram quatro horas e cinquentas minutos, O vampiro já ia ser queimado logo nos primeiros Raios de sol, que eram sempre os mais fortes. Mas qualquer que fosse o raio, ele seria gravemente ferido, até tostar. Os preparativos já estavam sendo feitos, e todos estariam de preto, zombando da raça infernal. Inclusive ela. O sofrimento, a frustração, sentimentos que nunca havia sentido na vida, ela agora sentia. Raiva, ódio, e medo. Decepção. Angustia. Tudo junto e misturado. Ela se sentia forte, mas aquele turbilhão de emoções, a impediam de sentir alegria nisso. Não acreditava que por trás do rosto Bonito e simpático, amigável, amoroso do pai, estava um homem frio e calculista. Seu ódio por criaturas da noite alimentava sua sede de proteção a Sophie. Mais ela entendia que tudo aquilo era fruto dos seus feitos. Ela estava colhendo o que tinha plantado. Seus devaneios foram interrompidos por uma empregada:
- Senhorita, o rei autorizou você falar por seus últimos instantes com o vampiro. – diz a criada bem baixinho.
- Estou? – mal tinha acabado de falar, a criada já a tinha deixado. - mais uma vez, batem a porta em minha cara. Já estou ficando de saco cheio disso. – disse a fada, se levantando e indo até a porta.
Era como um pesadelo. Aquilo só podia ser um pesadelo. Neste momento, a fada olhava para uma espécie de tronco no meio da praça onde Israel já estava amarrado. Ele estava com a cabeça encostada, de olhos fechados. Todo sujo, e coberto de correntes de prata. Sophie hesitou um pouco, mais logo se aproximou de Israel. Ao se aproximar, ele sorriu e disse:
 - Olá minha amada. Veio presenciar minha destruição... não acredito que vai acabar assim. Saiba que você irá ser meu eterno amor e... – Sophie estava impaciente com declarações de amor.
 - Meu vampiro, Não é hora de declarações amorosas. Eu só quero lhe pedir uma coisa.
 - Claro, pode dizer minha amada – diz o vampiro, um pouco surpreso.
 - Quero que você me morda,e me torne sua vampira. Eu pensei muito, muito sobre isso. Acho essa atitude que estão tomando incerta. Antes que você diga alguma coisa sobre trevas, ou alguma outra coisa, quero que me morda, agora, neste momento, e depois que isso passar, eu te explico. – diz a fada seriamente.
 - Mais eu... – Antes que o vampiro possa falar novamente, a fada o interrompe:
- Morda logo! – ela estica o pulso até a boca do vampiro, que a fica olhando até finalmente dar- lhe uma mordida. O que Sophie descobriu no livro que leu, é que ela poderia imunizar seu vampiro do sol. Como seu sangue é puro e cheio de luz e amor, o vampiro agora, não iria queimar ao sol. Se ela se transformasse em vampira, Iria ser metade fada metade Ser das Trevas. Depois disso, Ambos estariam livres da luz do sol. Depois de saciado de seu sangue, o vampiro parecia mais forte. Mais agora era hora. Já estava amanhecendo, e as fadas estavam aparecendo para assistir a execução. A fada esperava que isso desse certo. Mais ela estava ali, dando seu sangue ao vampiro, e eles não poderiam perceber. Saiu de perto de Israel Discretamente, esfregando o pulso. Estava se sentindo estranha. Sussurrou baixinho para o vampiro:
 - Vai dar tudo certo.
 Depois de mais alguns minutos, as fadas foram chegando, e a hora também. Os primeiros raios de sol, já brotavam do céu e Sophie estava estranha, sentindo tontura. Devia ser só nervosismo. Mais na hora em que o amanhecer chega, as fada, antes de perceber, viu-se desmaiada, Enquanto um explosão de cores, preto e vermelho.
Ao acordar, Sophie vê que está nos braços do vampiro. Ele a olha com aquele rosto bonito e sorridente. Como ela foi parar lá? Ah, é.
 - Você não iria ser queimado meu vampiro? – diz ela sorridente.
 - Acho que você me salvou
 Aquele rosto muito bonito estava lhe dando um frio na barriga. A realidade abateu Sophie como uma faca.
- C-Como conseguiu? Como Conseguiu sair? – diz a fada, assustada.
 - Resumindo? Bom, Teu pai viu que eu não estava queimando, e tinham percebido que você tinha desmaiado, minha amada – ele repira fundo – depois disso, juntando os fatos, o Rei percebe o que aconteceu a ti. Nós fizemos um acordo, e você poderá visita-lo de vez em quando. E é isso que eu gostaria de lhe falar.
 A fada estava confusa... Ah sim, agora ela tinha lembrado... Ela tinha escolhido o caminho das trevas, agora iria ser vampira.
 - Eu não sei o que dizer minha fada, só sei que... – Ele não disse suas ultimas palavras, porque antes de  dizer a fada o beijou. Um lindo beijo doce, e sereno.
- Você terá que abandonar sua família, seu reino deixar de ser rainha – O vampiro disse tristemente – Mais poderá visita-los quando der.
- Tudo bem – disse a fada se sentando ao lado do vampiro e sorrindo. Ela abre as suas asas e deixa as luzinhas passear. Um sorriso aparece em seus lábios. Ela estava feliz. Feliz ao lado de Israel.
 - Espere um minuto... Onde eu estou? Agora sou vampira?
 - Você está em minha casa minha amada, e sim, você é vampira agora.
 A fada o olha por alguns instantes, tinha um milhão de perguntas para fazer, mais se segurou.
 - Doce fada da escuridão, Majestosa fada da sedução, Dona de meu coração, estou a mercê de ti, Minha pequena Sophie.