quarta-feira, 2 de julho de 2014

Pequena Sophie por Camila Bernardini

Nota: Esse conto terá continuação com uma convida mais que especial, que é a Isabela Santos. Uma linda, de apenas doze anos que já tem um talento incrível e cheia de imaginação. Aguardem!





            



                Sophie caminhava por entre as árvores daquele bosque, talvez pela última vez. Tudo que conheceu estava dentro daquele lugar. A magia, os segredos do universo, a beleza da natureza. Ela era uma fada de um povo antigo que há muito vivia por ali. Sempre foi feliz com seu povo, seus conhecimentos e os mistérios. Mas tudo havia mudado na sua vida havia algumas horas. Cansada de caminhar escolheu uma árvore baixa, que florescia, pois era tempo de primavera, e sentou em um dos galhos. Deixou que sua vida passasse diante dos seus olhos, enquanto lágrimas corriam por seu rosto. Os olhos, talvez, inchados e vermelhos de tanto chorar.  Lembrou novamente como foi o inicio dessa noite e os motivos que faziam seu pranto cair sem cessar...
As fadas eram divididas por famílias, cada encarregada de uma parte do bosque. Alguns mantinham os humanos longes, outros estudavam sobre os segredos dos mundos místicos.  A família de Sophie era como se fosse da realeza e admistravam tudo. E quando Sophie nasceu ficaram felizes, pois seria criada para ser a nova rainha do povoado. Dando assim continuidade a tudo que os pais fizeram.  Ela cresceu e se tornou uma bela fada. Seus cabelos longos e lisos, negros como o manto da noite, sua pele alva, olhos verdes. Era esbelta, e quando abria suas asas coloridas para voar todos ficavam de boca aberta. Sua áurea emanava tanta energia, que suas asas soltavam luzes coloridas, deixando rastros das mesmas por onde quer que ela voe. Sophia além de sua beleza encantadora era gentil e doce com todos ao seu redor.
                Todos os dias após anoitecer, a pequena Sophia gostava de caminhar até um dos lagos do bosque e ficar por horas sentadas por ali. Muitas vezes refletindo, ou levando um dos livros antigos do seu povo, para estudar e conhecer mais das tradições. Essa noite ela como sempre caminhou até seu local preferido, escolheu um lugar para sentar, e por alguns segundos, olhou sua imagem refletida no lago. Olhou de volta para o céu onde resplandecia uma lua cheia. A lua era outra de suas paixões, tanta beleza... Tanto fascínio e tanta magia. Fechou seus olhos, inspirando o ar da noite e sentindo a brisa leve e morna que acariciava seu rosto.  As sensações a invadiam de forma plena e começou a se sentir renovada e tranquila. Abriu suas asas e sentia que as pequenas luzes já brilhavam por ela.  Um sorriso brotou de seus lábios. Era tão bom viver daquela forma.  Sem humanos por perto, ou outras criaturas terríveis.
                A fada estava assim distraída, somente se entregando as sensações daquele momento. Quando sentiu um farfalhar de folhas e um leve movimento atrás de si. Com cautela, levantou do lugar onde estava e olhou tudo ao redor.  Há uma árvore distante via um semblante parado. Não conseguia enxergar muita coisa, somente dois pares de luzes  vermelhas... No lugar onde pareciam ser os olhos. Lembrou então tudo que ouvira sobre os vampiros, criaturas que tinham vindo do próprio inferno para amaldiçoar tudo que pudesse na terra, de um sobressalto ia começar a correr.  Porém de forma ágil, o semblante chegou à frente dela e a segurou pelos braços. Sophie conteve um grito, pois não queria demonstrar medo, aquelas criaturas farejavam e sentiam prazer no medo. E ela não queria dar esse luxo aquilo... aquilo sim, pois não podia definir de outra forma aquele ser.
                -Calma pequena, não fuja de mim.
                A fada o encarou e percebeu que os olhos dele não estavam mais parecendo como duas brasas prestes a entrar em chama. O vampiro tinha cabelos ruivos, olhos verdes, e sua pele excessivamente pálida dava um contraste e tanto com o vermelho do cabelo. Parecia um menino de no máximo uns vinte e dois anos. Ele era belo. Sophia tentou afastar os pensamentos e de forma ríspida perguntou:
                -O que quer?
                - Eu venho observando você todas as noites, e fico encantado com sua natureza de luz, adoro as noites que como essa você abre suas asas e deixa as luzes coloridas dançando ao seu redor. Peço desculpas se não me apresentei antes, mas tive medo de me aproximar e te assustar.
                O coração da pequena fada acelerou e um frio que nunca havia sentido antes na barriga, se esparramava sobre ela. Aquele vampiro tinha dito que a observava todas as noites, somente para admirar sua beleza. Como alguém como diziam vindos do próprio inferno poderia parar para admirar belezas? Ou será que era tudo mentira e uma forma traiçoeira dele enganá-la?  Não sabia responder essas perguntas e seus pensamentos estavam nublados, por inesperadamente o vampiro á sua frente. O beijo foi longo e pausado. A fada tinha urgência, mas ele agia com cautela.
                Quando finalmente os lábios se separaram, ele disse:
                - Você não entende minha pequena fada. Eu a amo tanto. Sua luz, energia e beleza me deixam extasiado. Mas devido a minha maldição, só posso admirá-la de longe. Não quero de forma alguma te machucar.
                Sophie que sentia urgência no que sentia e já com vontade de beijá-lo novamente disse:
                - Eu não entendo...
                - Você é doce minha pequena fada, mas quando te beijei, embora me sinta maravilhado com isso, minha natureza me chama, e sinto vontade de te morder. Drenar um pouco dessa vida tão linda que você possui. Sou um monstro.
                -Não, você não é! Só me beije mais uma vez, me deixe sentir... Eu ofereço meu pescoço a ti. Mas antes me deixe saber, qual seu nome?
                - Meu nome é Israel minha doce fada.
                Os dois então se beijaram novamente, mas dessa vez com mais urgência, uma vontade maior de aproximar os corpos. Israel acariciava o pescoço de sua fada e não mais resistindo á sua natureza, interrompeu o beijo, cravando seus dentes pontiagudos no pescoço dela. Provaria somente um pouco do sangue de sua amada.
                Cassius caminhava pelo bosque a procura de Sophie, levaria ela até a assembleia que acontecia aquela noite onde a família dela e a dele se uniriam, propondo casamento entre os dois, unificando assim de uma vez por todas o reino ao povo das fadas naquele lugar. Assustou-se quando ao chegar próximo ao lago percebeu que sua fada estava nos braços de um vampiro.  Gritou assustado, e nisso apareceu alguns outros cavaleiros do seu povo pela floresta vendo a cena. Logo todos partiram para cima do vampiro que não tentava se defender.  Sophie gritava para que parassem, mas eles não davam ouvidos a ela.
                Cassius mandou que os outros homens que já haviam conseguido acorrentar o vampiro com correntes de pratas, tudo que o povo das fadas usava de uma forma ou outra era revestida desse metal, levarem-no para a pequena masmorra que guardavam. Enquanto ele corria de volta para a assembleia, com Sophie ao seu encalço.  Quando chegou ao pequeno local onde acontecia a reunião, muitas fadas o olhavam de forma curiosa:
                - Meu povo um dos seres malditos entrou no nosso bosque e quase amaldiçoou um de nós com suas pragas.
                Gondo o velho sábio, perguntou:
                -Mas quem?
                - Sua filha Sophie!
                - Como ele se atreve? Onde ele está?
                - Preso senhor
                - Assim que amanhecer leve ele para a luz do sol, isso será suficiente para acabar com a raça dele.
                -Nãoooo papai – gritou Sophie- ele é bom!
                -Filha vá descansar que você ainda está em choque e sobre os poderes hipnóticos dele.
                Sophie então se retirou do local e caminhou até escolher aquela pequena árvore e seu galho para sentar e refletir.





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