Nota: Segunda parte será escrita pela querida Isabela Santos
Quando
a noite caiu, alguns guerreiros do Reino Razar, abaixaram a ponte levadiça que separava
o castelo da cidade, por todo o percurso se estendiam tochas para iluminar o
caminho para os convidados que logo chegariam. A noite era especial, pois o Rei
ia celebrar o aniversário de maioridade do seu filho e sucessor Alexander. O salão estava divino cheio de comidas,
especiarias e bebidas, a decoração impecável. O piso de mármore branco, as
tochas refletiam nele dando um feito belo e ao mesmo tempo sombrio no local.
Logo as
primeiras carruagens começaram a chegar e tanto as damas como os cavalheiros
estavam mascarado com máscaras de todas as cores e formas. Algumas com
lantejoulas e muito brilho, outras mais elegantes e discretas. O salão se
enchia rapidamente e logo os músicos começariam a tocar. O rei já aguardava
impaciente que seu filho chegasse quando o viu no alto das escadarias que
levavam ao patamar de cima do castelo. Logo todos olharam em direção, as
donzelas suspiravam diante da beleza e riqueza que aquele jovem príncipe
poderia oferecer. Alexander notou que já
tinha atraído todos os olhares para ele e começou a descer as escadas. Suas
roupas belas, usava um sobretudo comprido e largo com mangas longas e amplas, os
botões ornamentado com pedrarias. Nos pés botas fechadas com fivelas que
cobriam as pernas até os joelhos. Sua pele bronzeada, seus cabelos castanhos
claros com o tom de olhos da mesma cor. Cabelos curtos e uma barba comprida.
Era símbolo de virilidade e poder.
Quando chegou ao último degrau, bateu palma duas vezes, e os músicos
começaram a tocar ma música alegre, e como se todos saíssem da hipnose
começaram a dançar e rir alegremente. Alexander pegou sua máscara preta, sem
adornos e colocou em seu rosto para se misturar a multidão.
A festa
transcorria de forma agradável e muitos já estavam alterados com o vinho e
outras bebidas. Faltavam duas horas para
que finalmente o sino badalasse meia noite e todos tirassem suas máscaras
revelando suas identidades. Para
Alexander essas duas horas, pareciam mais como a eternidade, estava cansado e
entediado. O maior propósito do seu pai para organizar aquela festa era com que
ele conhecesse alguma alta dama da sociedade e pudesse se casar com ela o mais
depressa possível. Suspirou, se sentindo
irritado e foi caminhar até o jardim. Precisava de um pouco de ar puro. Sabia
que deveria se casar, mas a verdade é que nenhuma mulher que conhecerá até o
momento prendia sua atenção. Não era exatamente falta de beleza e sim de um algo
mais. Só que ele não sabia o que era esse algo mais que tanto procurava.
Do
jardim conseguia ver todos que chegavam e partiam e ficou impressionado com a
carruagem que chegava. Era branca, com adornos dourados por toda parte. Os
cavalos que a guiavam eram pretos como o manto da noite e o cocheiro tinha uma
postura ereta, rígida. Mas impressionado ficou com a dama que desceu dela. Era
a mulher mais linda que já tinha visto em toda a sua vida, mas era mais que
isso. Ela tinha um brilho próprio impressionante, que mesmo e longe ele
conseguia sentir. Correu até as portas de entrada para vê-la melhor e também
para descobrir quem era quando a anunciassem.
Um dos
guardas então proclamou:
-Dama
Badb, vinda do Reino Thorin.
Ele a
olhou e se impressionou, os cabelos dela eram loiros mais puxados para o
dourado, caiam até a cintura e cachos perfeitos. Sua pele branca, seu rosto
liso e sem marcas, olhos pequenos e também dourados. A boca carnuda e de um
vermelho vivo, sua face corada de forma suave. Seu vestido era longo e dourado, com um
pequeno decote, ajustado na cintura e fechado por cordões e com mangas
justas. No pescoço um colocar simples,
mas com uma pedra pequena e preta, brincos da mesma forma. Sua beleza e elegância não eram tudo que
impressionava, ela tinha um porte altivo, caminhava elegantemente e emanava
energia, força.
Badb
entrou no salão e logo colocou sua máscara preta com pedrarias em dourado que
combinava com o restante de sua vestimenta. Logo muitos cavalheiros a
convidaram para dançar, mas ela os recusava com delicadeza e educação. Estava lá por um motivo. Precisava alertar ao rei sobre invasores que
pretendiam invadir o reinado, saqueá-los e se apoderar do poder. Sabia que o
rei Razar era arrogante e não acreditaria. Mas de qualquer forma era seu dever alertá-lo.
Caminhava
por entre os salões, se desviando das pessoas que dançavam, quando esbarrou em
Alexsander. Assim que se esbarraram um pequeno choque invadiu seu corpo, junto
com um leve tremor. Fechou os olhos para respirar fundo, não podia se
transformar ali na frente de todos.
O príncipe
inalou o ar, o cheiro dela também era convidadito. Perfume de lavanda com uma
pitada de camomila. Ele conseguia identificar bem os cheiros e as essências de
perfumes. Viu que ela fechou os olhos assim que esbarrou nele e se preocupou:
-Desculpe
senhorita, está se sentindo bem?
-Sim, só
está um pouco quente aqui.
-Quer
caminhar até os jardins?
Badb
olhou para ele e sorriu tão parecido com o pai, mas não tinha um ar arrogante e
conquistador. Tinha um olhar forte, honesto e de valores. Talvez pudesse dar o
recado diretamente a ele.
-Sim,
claro.
-Te
acompanharei.
Os dois
caminharam silenciosamente e já no jardim se encararam, Alexander pensou em
desviar o olhar, mas se encantou com a postura dela em encará-lo também sem
mostrar constrangimento ou fraqueza por ser uma mulher. Ela era diferente,
disso já tinha certeza, tinha brilho próprio. Nunca encontrará nenhuma mulher
assim no seu reino e isso o deixava intrigado.
Ela
sorriu para ele de forma simples:
-O que
tanto me olha nobre cavalheiro?
-Gostaria
e vê-la novamente sem a máscara, como quando chegou. È tão linda.
-Mas só
posso retirar a máscara como instrução no seu convite quando o sino der seus
doze badalos. Terá que aguardar. Mas por que quer me ver novamente sem ela?
-È tão
linda, tão forte.
-Ora,
deixe de galanteios jovem príncipe. Eles não funcionam comigo.
-São elogios
sinceros senhorita.
Badb o
olhou e suspirou, retirou a máscara e antes que ele pudesse dizer, mas alguma
coisa aproximou seu rosto do dele, fechando os olhos. Seus lábios estavam
próximos, mas sem se tocarem. Ergueu uma de suas mãos e acariciou o rosto do
jovem príncipe. Seu coração batia de forma descompassada, deixando com que ela
esquecesse a verdadeira razão de estar ali. Alexander com a voz rouca e sussurrada
desviou o rosto e colocou seu lábio próximo ao ouvido dela e disse:
-Realmente
é diferente de tudo minha dama.
E
voltou seus lábios novamente para ela e a beijou, um beijo profundo e
apaixonado, doce e ao mesmo tempo desesperado. Suas mãos a agarraram pela
cintura como que com medo que ela fugisse assustada. Mas pelo contrário ela
correspondia o beijo, quase que sem fôlego. Ficaram assim por um bom tempo, até
quando finalmente a hora esperada chegou. Todos nos salões retiravam as
máscaras e davam gritos de comemoração e festividade. Badb interrompeu o beijo
e o olhou seriamente:
-Escute,
preciso ir, mas tenho que alertá-lo invasores vindo do norte pretendem invadir
seu reino daqui a três dias e atacá-los. Tome cuidado e avise seu pai para que
vocês possam evitar, mas uma guerra desnecessária.
-Como
sabe disso e porque me alerta? – pergunta o príncipe mudando seu humor
bruscamente e ficando irritado.
-Não
posso dizer.
-Fique
aqui que vou chamar meu pai e você dará informações para ele.
Virou
as costas e correu para dentro do salão, mas quando voltou à dama já não estava
mais lá. Ele correu até a carruagem dela e abriu a porta com força, mas ela
também não estava ali. Na carruagem apenas um corvo dentro. Olhou para aquele
pássaro, tão estranho dentro de uma carruagem e notou que os olhos do corvo
eram dourados como os dela. Só podia estar enlouquecendo.
Seu pai
não acreditou no alerta, achou que o filho estava bêbado e tinha fantasiado
demais. Alexander passou os outros três dias pesquisando sobre a dama, mas não
encontrou informação alguma sobre ela. Estava frustrado, mas não podia passar o
resto dos seus dias procurando por uma mulher estranha e linda. Sim era linda e
isso ele não conseguia esquecer.
Ao fim
do terceiro dia do baile, o príncipe ouviu gritos vindos das muretas e de todas
as partes do castelo. Do seu quarto, que era no alto de uma torre pode observar
que a ponte levadiça estava aberta e que invasores caminhavam por ali e outros
já se encontravam no jardim. Estavam sendo atacados e nem um pouco preparados
para isso. Já que a única mulher que o avisará sobre o mesmo tinha evaporado no
ar e feito seu pai duvidar do que ele dizia. Notou na janela um corvo parado o
observando e um calafrio percorreu sua espinha.
Afastou todos os pensamentos da sua cabeça, pegou sua espada e correu
para ajudar os guardas de seu castelo proteger o seu reino. No caminho foi
surpreendido algumas vezes, mas estava vencendo a batalha com todos que cruzava
com ele facilmente. Como se o espírito da guerra tivesse tomado conta dele.
Quando chegou ao jardim viu seu pai parado e um homem apontando uma fecha para
ele. Quando o invasor disparou a fecha do arco, ele correu se colando entre a flecha
e seu pai. A mesma o atingiu perto do coração, ele sentiu o pulmão doer e fôlego
sumir, se curvou, desabando de joelhos no chão. Quando o invasor ia atirar a
segunda fecha algo estranho aconteceu.
Vários corvos vinham do alto do céu, voado de forma estranha e ordenada.
Um deles pousou perto do príncipe, e o fitava com olhar triste, enquanto os
outros ainda voavam baixo sobre os invasores e sobre a luta que continuava ali
no jardim.
O rei não
ficou surpreso quando viu o que aconteceu, mas sentiu raiva, pois seu reino e
seus guardas eram invencíveis, não precisava de ajuda. Olhou seu filho caído ao
chão gritando de dor, dor infligida para salvá-lo, mas não o ajudou. Virou as
costas e caminhou para dentro do castelo para se esconder. Foi até seu quarto e
pegou a pequena caixa de veludo vermelho que escondia em um dos seus armários.
E ficou ali sentado sobre sua cama olhando a caixa e esperando.
"Entregue uma Máscara a qualquer homem que lhe dará toda verdade"
ResponderExcluirOscar Wilde.