Na pequena caixa,
havia o coração de sua amada. Ao lado, havia a chave de todo o dinheiro de seu
reino. Afinal, como ele fora tolo! Não havia prestado atenção em seu filho. Mas
como poderia acreditar em uma coisa que não estava vendo com seus próprios olhos?
Não era de se confiar. E agora estava ali, olhando fixamente o coração que
havia guardado em uma caixinha de joias. Ele não queria deixar a parte mais
importante, a parte que guardava sentimentos, se ir junto com sua rainha. Ele
simplesmente não podia deixar que isso acontecesse. O rei foi desperto de seus
devaneios, quando um pensamento lhe veio á cabeça:
O que exatamente ele fazia ali, olhando aquela
caixa? Ele simplesmente não sabia. Ele simplesmente estava olhando aquela caixa
fixamente, como se aquele coração e aquela chave eram a solução para todos os
seus problemas. Mas seu coração o havia guiado até ali. Então, o que isso
exatamente queria dizer? O rei estava entrando em pânico. Os soldados estavam
sendo mortos facilmente. Seu filho estava agoniando em meio aquela guerra
horrível. Ou ele provavelmente fora morto. E ele estava ali, sendo um covarde,
deixando para trás os seus feitos, ou melhor, dizendo sua família, que cuidou
com todo o cuidado. Estava tudo sendo destruído.
O rei, mais uma vez foi desperto de seus
devaneios quando ouviu um grasnado. Ali, em sua janela, havia um corvo. Seu
olhar era dourado, e os olhos pareciam estranhamente sobrenaturais, pois eram
de um tom de dourado estranho. O corvo parecia estar querendo dizer algo, mas
exatamente o que? A compreensão o atingiu como um soco no estomago. As palavras
lhe vieram á cabeça, como se alguém as tivesse sussurrando. Era isso que ele
iria fazer, pensava. Em sua mente, mais palavras ainda vinham em sua cabeça. Era
como se o corvo em sua janela estivesse lhe sussurrando aquilo.
...
A dor estava insuportável. Era simplesmente
impossível. Era tanta, mas tanta, que de tanta dor ele parecia ficar leve, e
não sentir mais nada. Seus olhos estavam embaçados. Então era assim que ele
iria morrer? Pelo menor ele iria morrer em batalha, o que para ele era uma
morte digna. Tudo á sua volta parecia um borrão. A guerra, as pessoas, as
armas, tudo para ele lhe pareciam fantasmas, passando em velocidade rápida para
sua vista. E sem mais nem menos, seus olhos se fecharam, e ele parecia estar em
outra dimensão.
Lá, estava tudo escuro. Seus olhos observavam
por todos os lugares, e ele não fazia ideia de onde estava. O chão, o teto, ou
onde quer que ele estivesse era tudo preto. Repentinamente, seus olhos foram
cegados por uma luz insuportavelmente branca. Depois que sua vista clareou, á
sua frente, podia ver uma coisa inacreditável. Uma mulher de cabelos dourados
estava a sua frente. Ele não podia ver seu rosto, pois parecia estar delirando.
As próximas palavras que escutou, pareciam estar vindas de uma voz espectral,
que estava dizendo:
- Não se preocupe.
Logo você não sentirá mais dor
Ele a olha por um tempo. Ele queria falar
milhões de coisas ao mesmo tempo, mas as palavras pareciam não sair. Ele queria
se mexer e agarrar-se á ela como se não tivesse outra pessoa no mundo que lhe
desse conforto. Mas nada acontecia. Sem mais, nem menos, o príncipe é beijado
na testa, e repentinamente, aonde quer que ele esteja, o lugar some. Seus olhos
pareciam voltar para a realidade, mas a dor tinha se tornado ainda mais
latejante. A flecha estava cravada ao lado de seu ombro, de onde saía muito
sangue. Alexander olhou á sua volta. Armas e corpos estavam caídos pelo chão. O
que havia acontecido? Isso que estava em sua mente, e ecoava na mesma, o que
lhe causou uma dor de cabeça horrível. Tentou se mexer para ver o que havia
acontecido á sua volta, mas uma dor insuportável tomou conta de seu corpo mais
ainda. Acalmou-se quando viu o rei olhando-o. Na verdade, ele julgava ser o
rei, pois podia ver um coroa na cabeça de quem quer que fosse que estivesse
ali. Nas mãos da pessoa estava uma espada. Alexander forçou um sorriso. Se
fosse o rei, ele iria o salvar. Mas antes que pudesse terminar o pensamento,
viu o brilho da espada que estava na mão direita do homem a sua frente, o
atingindo no coração. A ultima coisa que viu, foi um corvo tomando voo, e sumindo
no vasto céu.
...
Ele tinha que ter feito isso. Ele não sabia o por
que. Mas sabia que não queria ver seu filho agonizando para sempre. Ou com
alguma cicatriz... Afinal, o que ele estava pensando? Não era exatamente isso o
motivo. O motivo era que ele não queria mesmo ver seu filho tornando-se Rei.
Não queria ver seu filho em um mundo onde a
ira e os ódios reinavam principalmente a cobiça. Às vezes sacrifícios precisam
ser feitos para não ter consequências, e ele iria seguir essa pequena frase.
Seu filho estava morto. E agora, como um Rei digno, enfia a espada, sem dó nem
piedade no coração de seu filho, assim, tirando-o da espada, e colocando numa
pequena caixa de veludo, junto com o de sua mãe. Com cara de repulsa, o rei
subiu até seu castelo, entrando numa sala, aonde havia um grande cofre.
Delicadamente, coloca a caixinha onde estava o coração da rainha e de seu
filho, e ainda a chave da herança de seu reino que estava intacta, no cofre,
assim, fechando-o. Vira-se para trás, sem expressão. Seu destino já estava
selado. Sem mais nem menos, corre até o alto de uma das torres de seu castelo,
onde havia muitos corpos de seus soldados caídos. Mas ele apenas ignorou esse fato,
e continuou caminhando e olhando fixamente para seu destino. Ao chegar lá,
arranca seu paletó, e sua camisa. E assim, se joga lá de cima, e seu único
pensamento era: Foi uma morte merecida.
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