sábado, 7 de junho de 2014

O sexto elemento por Camila Bernardini





 "Cavaleiro Valente é um personagem criado por Adriano Siqueira e esta história foi autorizada pelo autor."

 Nota: O Cavaleiro Valente se perde entre mundos tentando encontrar sua amada e hoje o Adriano Siqueira tem o livro do Valente publicado, e eu recomendo porque a história é muito linda.

Valente abriu seus olhos, estava deitado no chão frio e úmido de uma gruta. Pela escuridão, só poderia ser noite. Seu corpo estava meio dolorido, e com o peso de sua armadura, teve dificuldades para se levantar. Após algum esforço, estava de pé, caminhando devagar, um pouco receoso já que não sabia que direção tomar, a escuridão era absoluta.
Foi caminhando, até ver uma abertura por entre as pedras, do outro lado podia ver o brilho da lua e das estrelas que iam alto o céu. Julgou que ali seria a saída, e continuou andando naquela direção. Quando finalmente chegou à abertura, já pode sentir a sensação de liberdade, o vento soprando levemente, o canto dos grilos e pio de corujas. Olhou a paisagem a sua volta, muitas árvores enormes, de mata fechada. Estava em uma floresta, onde parecia ser o único habitante, além claro dos animais e das aves que assobiavam.
Valente decidiu caminhar por entre a floresta. Colocou a mão em sua bainha, verificando assim que sua espada Goldor estava com ele. Entrando na mata cada vez mais densa, perdendo-se dentro do coração daquela floresta. A escuridão da noite fazia com que as coisas se tornassem mais sombrias, e confundia Valente. Até as sombras pareciam assustadoras, e cada novo barulho era motivo para que ele entrasse em posição de defesa. Muitas vezes suas mãos foram de encontro a Goldor, apertando com força, pronto para retirá-la e lutar com inimigos, logo se acalmando e vendo que eram apenas ilusões provocadas por aquele lugar.
Após quase uma hora caminhando, chegou a um lugar estranho, muito parecido com aqueles antigos templos gregos, onde pessoas se reuniam para cultuar algum deus. Na porta desse local, duas tochas queimavam, iluminando um pouco mais o cenário. Ali, o silêncio era total, assustador. Parecia que os animais noturnos tinham fugido dali, que o vento não tinha forças de balançar as folhas da árvore. Nada emitia som, Valente escutava apenas sua respiração e as batidas descompassadas de seu coração.
Ficou intrigado com aquele templo, e já muito curioso para saber afinal, onde estaria. Em que mundo tinha caído dessa vez. Alguns segundos foram o bastante para se decidir, entrou no templo, avistando um longo corredor, cheio de tochas iguais a que tinha visto do lado de fora. As paredes do corredor eram cobertas por desenhos estranhos, todos incluindo uma mulher. Valente retirou uma das tochas do lugar e aproximou-mais dos desenhos, curioso, tentando decifrar o significado de algum deles. Muitas luas, em todas as suas formas, mulheres vestidas com túnicas brancas, fogueiras, e outros desenhos incompreendidos para ele. Continuou caminhando, adentrado mais para dentro daquele lugar estranho. No fim do corredor, uma porta dourada, reluzente de ouro estava fechada. Com todo cuidado possível, para não fazer ruídos, abriu a porta.
Entrou no novo recinto onde a luz era um pouco mais fraca. Apenas as chamas de cinco velas iluminavam. Uma vela vermelha pousada no lado norte do local, uma vela azul no lado sul, uma branca no oeste, uma marrom no leste, e uma vela preta junto com as outras cores no centro do lugar. Muitas almofadas também coloridas se espalhavam pelo resto do chão, e um aroma de flores por todo o local. Valente estava admirado com o que via, e cada vez com a curiosidade mais aguçada. Foi então, que escutou risos vindo, de outra porta, que até então não tinha reparado. Correu, tentando se esconder atrás de um enorme baú que estava em um dos cantos, onde a vela preta queimava bem perto. A porta se abriu, e entraram cinco mulheres, todas com uma beleza fascinante. A mulher que sentou no meio podia sentir a presença de um homem entre elas, mas também sentia seu coração e via que era alguém com uma essência boa, de energias positivas, decidiu deixá-lo ver o que aconteceria ali. Fechou os olhos, pedindo proteção para a Grande deusa e começou o ritual:
-Apresentem-se a grande mãe!
A primeira mulher, sentada ao norte, pegou a vela sobre suas mãos, usava um longo vestido vermelho, que dava um ótimo contraste a sua pele branca, cabelos negros, compridos e lisos. Um olhar marcante, sedutor era o que mais chamava a atenção em seu rosto:
- Sou Malina, filha do fogo!

A do sul vestia-se com um longo, sobretudo preto. Era magra, alta, branca, cabelos lisos e pretos.
-Justine, filha da água!
Foi à vez então da mulher do lado oeste, loira, cabelos cacheados, compridos. Pele branca, um sorriso que cativaria até a pessoa mais rude que o visse. Usava um vestido curto, branco, que delineava muito bem suas formas.
-Denny, filha do ar!
A última e tão bela quanto às outras, vestia-se com uma longa saia preta, e uma tomara que caia vermelha, era morena, cabelos cacheados, magra, estatura pequena.
-Èrica, filha da terra!
Por fim, a do meio, que havia começado a cerimônia, segurou sua vela, fechando os olhos. Ela usava um longo vestido medieval, azul. Seus longos cabelos vermelhos e cacheados, a pele alva, magra.
- Sou Judite, o quinto elemento. Filha de éter.
Valente estava impressionado como o que via. Nunca tinha visto tantas mulheres bonitas reunidas em um mesmo lugar. As cinco deram as mãos, suavemente cantando, o que trazia mais energia ao local. Terminado a canção Judite falou as outras quatro:
-Vamos, está na hora de salvarmos a parte da floresta, onde os madeireiros estão nesse exato momento cortando mais de nossas árvores. Mas antes, peço que o nobre cavaleiro que se esconde apareça.
Valente, meio envergonhado, saiu de trás de seu esconderijo. As cinco mulheres o olhavam, com ar de interrogação. Ia questioná-los, quando mais uma vez Judite ordenou que elas fossem proteger a floresta. Todas saíram deixando os dois a sós. Valente então, que já estava louco para saber onde estava pronunciou o nome.
-Jade
O corpo de Judite então se iluminou com uma luz azul, logo ela prendia os cabelos em um rabo de cavalo e sorria:
-Você, está em um trecho da floresta Amazônica Valente. No templo de cinco bruxas, que juraram proteger a floresta contra o desmatamento, e qualquer outra coisa que pudesse prejudicá-las. Elas foram agora, em um acampamento de madeireiros, que estão cortando centenas de árvores todos os dias. Pretendem acabar com eles.
- Vamos ajudá-las!
Judite e Valente saíram do templo então, seguindo as outras protetoras, rumo ao acampamento.
Muito dos homens dormiam, e outros jogavam conversa fora ao lado de uma fogueira, quando tudo começou. A fogueira aumentou o dobro do seu tamanho, e nuvens pesadas e densas começavam a deixar grossas gotas de água de chuva cair, estranhamente só não caindo no local, onde a fogueira estava acesa. O vento era forte, derrubando tudo ao redor, até os tratores e caminhonetes começaram a tombar, e um tremor na terra completava o cenário paranormal de tudo que cercava aquele espaço. Os homens que dormiam, acordaram assustados. Um deles conhecido como Tigre por sua enorme tatuagem nas costas, olhou para o céu e gritou para que os outros homens olhassem.
Quatro mulheres flutuavam no ar, cada qual delas com uma luz diferente. Quando elas notaram, que todos já haviam percebido a presença delas começaram devagar a descerem, até seus pés descalços encostarem-se a terra. Todas possuíam uma espada, e agilmente começaram a desferir golpes naqueles homens. Sem piedade, pois eles não sentiam nada, ao destruírem árvores, a cortarem uma forma de vida, vida ainda que permitisse que os humanos sobrevivessem, exalando o tão precioso oxigênio. Muitos dos homens já estavam mortos, outros fugiram assustados, os que fugiam nunca mais voltam, ou acabavam sendo engolidos pela imensidão da floresta.
Valente e Judite e observavam tudo, nem notaram que Tigre tinha os visto, e procurava uma arma para tentar acertar o cavalheiro. Vendo-o como único homem no meio das mulheres, achou que ele era líder, que tinha mandado aquela ação. Tigre então achou um revólver e disparou contra Valente inúmeras vezes, até que a armadura dele não suportando mais o choque abriu-se, e uma bala entrou, passando ao lado de seu coração. Judite gritava, chorando. Mas dessa vez iria se vingar antes de ir embora. Pegou a Goldor e pronunciou:
- Goldor lança.
Correu até o homem que atirou em Valente, ele desesperado tentava recarregar sua arma, ma não teve tempo. A lança perfurou seu coração, fazendo o tombar já sem vida no chão.
As quatro protetoras penalizadas com a cena desceram para ajudar Valente, mas o corpo dele já havia desaparecido. Olharam para Judite, que estava atônita e já havia esquecido o motivo pelo qual aquele nobre homem a tinha chamado de Jade. As cinco então se abraçaram e voltaram ao templo. Onde se escondiam e ganhavam cada vez mais forças para não deixar ninguém destruir a natureza que as cercavam. E nunca esqueceriam aquele estranho acontecimento, de um homem tão diferente, ter presenciado o que elas fariam. Talvez fosse um sinal de que as coisas começavam a mudar, e que o homem perceberia o erro, em destruir com tudo que julgassem estar no seu caminho.

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