sábado, 21 de junho de 2014

Uma lágrima no ceú escuro por Camila Bernardini










Erick era um menino alto, a pele parda, com pequenas manchinhas no rosto, cabelos longos e compridos. Fios lisos e umas ondulações nas pontas. Tinha os olhos de um castanho bem claro. Seus olhos chamavam á atenção de todos que se prendiam nele, cheio de  brilho intenso que resplandecia inocência, sinceridade. E tantas outras virtudes boas. Era um menino de dezessete anos, não muito bonito, mas devido ao seu caráter e carisma conquistava muitas pessoas ao redor.
            No céu escuro, a lua cheia brilhava junto com as estrelas que embelezavam ainda mais a noite. Uma brisa fria anunciava que o inverno se aproximava. A noite sempre tinha suas belezas e mistérios. Embalava o sono e o descanso de muitos e despertava a paixão de alguns. Erick era um desses amantes noturnos, que preferia os hábitos da noite quando as ruas estavam vazias e silenciosas. E assim o jovem menino de alma doce caminhava por entre as ruas de seu bairro.
Chegou á sua praça preferida, onde sentava todas as noites para ler. A praça era pequena, mas possuía algumas árvores antigas. Um pequeno chafariz que não funcionava. E nada mais. Sentou em um dos bancos e abriu o livro que carregava, mergulhando no mundo da leitura. Nem notou no banco ao lado a presença da dama que o observava calada. Ela o fitava de forma curiosa, invadindo os pensamentos do garoto. E os achou tão belos. Fazia tempo que não encontrava alguém de alma tão nobre, de inocência pura. Emanava dele uma energia boa, de paz.
Erick fechou o livro e notou que uma densa neblina se formava na praça. Achou um pouco estranho, e foi só assim que notou a presença dela. Era uma bela mulher, cabelos ondulados, alva. Vestia uma camisa branca com babados estilo vitoriano. Um espartilho marcando sua cintura, uma saia longa preta e nos pés uma sapatilha também preta.
- Olá
Quando a dama na sua frente falou com ele, enrubesceu. Só assim percebendo que a estava encarando sem cessar. Quando respondeu sua voz saiu trêmula, tímida:
- Oi!
Ela sorriu para ele. Erick julgou ver dentes pontiagudos parecidos com presas naquele belo sorriso. Mas riu da bobagem, andava lendo livros de mais isso sim.
-Qual o seu nome mocinho?
-Erick e o seu?
- Agatha
Agatha então levantou do banco onde estava sentada e foi até ele. Estendeu-lhe a mão em comprimento. Quando ele tocou as mãos dela, sentiu a pele fria. Um calafrio estranho lhe arrepiou as espinhas. Ela então sentou ao lado dele e o fitou demoradamente. Passou uma das mãos sobre seu rosto e o beijou. Um beijo longo e atormentado para ambos. Ele pensava no que uma mulher tão bonita tinha visto nele. Com medo daquele beijo frio, mas ao mesmo tempo tão prazeroso. Sim frio, por que a pele dela era gélida como de uma morta. Estranho, mas respirou e decidiu se entregar a aquele beijo. Que seria no mínimo marcante na sua vida.
Agatha quando viu aquele menino sozinho, sentado no banco da praça pensou que seria uma presa fácil. Mas agora seus instintos que sempre foram o de saciar sua sede e matar suas vitimas dizia para que ela não o matasse. Talvez a inocência dele tivesse despertado algo dentro dela, algo humano. Um sentimento que há séculos não lembrava sentir. Mas não queria mais pensar, estava com fome. E essa era a sua doce e bela sina, interrompeu o beijo e foi para o pescoço dele. Antes de cravar os dentes no golpe final, ainda fez algumas caricias no pescoço do garoto, que provocaram em Erick arrepios de puro prazer. E finalmente o mordeu. O gosto do sangue dele lhe encheu de prazer e de vitalidade. Por um momento esqueceu que era apenas um garoto, que ainda tinha muito que viver e aprender. Até perder a inocência e conhecer a maldade dos homens.
Erick então começou a ter pequenos espasmos, sentindo apenas prazer, nem imaginava o que acontecia. Que a cada segundo sua vida estava mais e mais nas mãos daquela estranha que o havia beijado. E logo caiu desmaiado nos braços da vampira. Ela olhou com ternura o garoto desmaiado, pegou ele no  colo por um breve momento e depois o deitou no banco da forma mais confortável possível. Ele estava vivo, e ela o deixaria vivo. Tinha certeza que quando acordasse pensaria que tudo não teria passado de um sonho. O olhou mais uma vez, e uma lágrima caiu dos seus olhos. Uma pequena e brilhante gota vermelha escorria por sua face. Deixou as asas surgirem então, virando um pequeno morcego. E voou para o céu escuro.

4 comentários:

  1. Suas histórias são simples e muito poéticas.Gosto do seu estilo. Mais uma vez ,parabéns!^^

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  2. Bela historia adorei faz-me lembra um belo livro que tinha chamado"O Livro dos Vampiros, A Enciclopédia dos Mortos-Vivos de J. Gordon Melton .Parabéns!

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