. E para quem leu espero que gostem da segunda parte.
“O destino. Contra sua vontade.
Para o que der e vier. Ele esperará até que você se entregue a ele.”
Logo amanheceria e Agatha
estava trancada em seu quarto, após pedir para que seu criado mais uma vez
limpasse todo o vidro estilhaçado da cristaleira que havia quebrado. Dispensou
Daniele, pois queria ficar sozinha, não estava a fim de conversar com ela sobre
mais teorias malucas de vingança e morte. Estava cansada de jogos, de morte e de sua
sede de sangue. Queria se permitir viver outras coisas. Passará metade da sua
eternidade caçando, se vingando. Não podia
negar que o prazer que sentia ao acabar com vítimas era avassalador, mas desde
que conhecera Gabriel alguma coisa tinha mudado. Ele era apenas um garoto de
vinte e dois anos que conhecerá uns meses atrás. Era para ter sido mais uma de suas vítimas mais
simplesmente não tinha conseguido matá-lo.
Foi
mais uma dessas noites que saiu para caçar. Agatha escolheu uma casa noturna
que tocava rap e black, gêneros musicais que não apreciava muito. Mas estava
cansada das baladas rotineiras, e dos adolescentes que se vestiam como vampiro
e desejavam ser um. Mal eles sabiam que
viver pela eternidade era de fato uma maldição a ser carregada. Algo doloroso,
um verdadeiro fardo para carregar.
Aquele mundo charmoso vampiresco era somente em filmes e livros. Na vida
real era bem diferente. Viver anos a fio, ver pessoas envelhecer, matar para
sobreviver, se privar do sol, solidão, essas sim eram características perfeitas
de ser imortal.
A
vampira estava um pouco incomodada
com a música mais até que o ambiente não era de todo ruim. Foi até o bar pedir
uma bebida, para parecer um pouco normal. Riu sozinha ao pensar isso. Como se
as pessoas hoje em dia rotulassem tanto o que parecia normal e o que não parecia.
Enquanto aguardava sua bebida notou um garoto encostado no balcão. Observou ele por alguns instantes, era magro,
pele morena escura, olhos castanhos claros. Era tão garoto. Tinha até mesmo um invadiu
sorriso meio infantil. Mas tinha um charme. Ela invadiu os pensamentos dele mas
não conseguia captar muita coisa, mas sentia uma energia alegria, brincalhona e
feliz. Nem notou que já o encarava por alguns minutos. Só percebeu quando seu
olhar cruzou com o dele, e os dois sorriram um para o outro. Naquela hora sabia
que se ainda fosse viva e tivesse um coração para bombear corpo por suas veias
ficaria vermelha. Uma vampira vermelha mais que tolice.
Saiu do
balcão e decidiu ir para fora da balada, andar pelas ruas. Encontrar alguma
vítima pelos becos mesmos. Estava com preguiça de fazer seus jogos de sedução.
Ia começar a caminhar quando sentiu a presença e o perfume dele. Olhou para
trás e notou que ele também estava na rua. E a olhava, com um misto de
curiosidade e ao mesmo tempo achando a situação engraçada. Esperou alguns
instantes para ver se ele falaria alguma coisa. Não falou nada, apenas
continuou a encarando. Agatha então se virou e começou a caminhar. Foi
surpreendida com o grito dele:
-Ei
espera!
Ela
virou novamente e o encarou. Sentiu vontade de correr e não se aproximar sabia
que ele acabaria sendo a sua vítima daquela noite. Mas não queria que ele
acabasse daquela forma, tinha uma energia tão vívida. Tão forte. Mas antes que pudesse ignorá-lo e continuar
em seu destino, ele já estava próximo de mais. Tinha um cheiro bom, uma fragrância
amadeirada e ao mesmo tempo um cheiro único. Lançou a ele um olhar indagador.
-Desculpa,
te vi no balcão do bar e logo em seguida vi você saindo. Deixou seu copo de
bebida no balcão sem ao menos beber um gole. Preocupei-me e resolvi ver se
estava tudo bem.
-Resolveu
foi?
-Sim,
me desculpa por tanto mimimi.
Agatha
riu e aquela risada seria a primeira daquela noite.
-Então?
-Estou
bem, só não estava gostando das músicas.
-Entendi,
mas existem muitos raps bons.
-Sei lá,
acho pouco provável eu gostar.
Agatha
estava em alerta, pensando no que estava fazendo, conversando sobre música com
um garoto humano. O que ela estava pensando. Ficou distraída por um tempo e viu
que ele continuava parado olhando para ela.
-O que
foi? Já não falei que estou bem? Agora pode voltar para lá e se divertir com
seus amigos. Tem amigos lá te esperando não?
-Meu
nome é Gabriel e o seu?
-Agatha.
-Ei
posso andar com você?
Quando
Agatha percebeu, já tinha dito sim para ele e os dois conversaram a noite toda.
Gabriel era engraçado, inteligente, falava de todos os assuntos, sem medo e sem
pudor de dar sua opinião sobre os assuntos. A vampira não entendia como seu
poder de deixar as pessoas próximas a ela desnorteadas não causava efeito
nenhum nele. Isso a intrigava, e o que mais a intrigava ainda era o fato de
estar se divertindo tanto que parecia uma mortal normal com sentimentos e
vontades humanas. E foi nessa hora que sentiu medo e confusão e que também se
lembrou dos motivos pelos quais se tornará vampira. Ele era homem e não podia se
dar ao luxo de confiança. E mesmo que pudesse nas suas condições e sua maldição,
não podia se permitir ter amigos. O caminho que tinha que trilhar era só. Seu destino desde que fora mordida. E não podia
fugir do destino. Como para ressaltar
isso escutou um choro e um pedido de socorro, vindo de um prédio próximo a rua
que caminhava. Claro que o garoto não ouvira nada, pois não tinha a audição ampla
como a dela de vampira.
Olhou
para ele e sorriu mais uma vez.
-Escuta,
preciso ir agora, mas obrigada por passar a noite caminhando comigo.
-Gostei
muito de conversar com você também. Me passa seu telefone para que a gente se
encontre por ai, qualquer dia desses.
-Não.
-Por
quê?
Agatha
ia responder, mas os gritos e pedido de socorro estavam mais constantes, para não
demorar acabou passando o número para ele e para sua surpresa o número certo.
Sim estava enlouquecendo. Só podia ser isso.
Esperou
ele se afastar pelas ruas e quando viu que ninguém mais a observava escalou o
prédio, até chegar à janela de onde os gritos vinham. Quebrou o vidro da janela
com apenas um murro e entrou. Ficou horrorizada
com a cena que viu. Uma mulher amarrada
no sofá, completamente nua e dois homens a torturando. Olhou aquilo com
verdadeiro ódio e nojo e mais uma vez voltou a sua realidade. O Gabriel e as
horas que passou ao lado dele já pareciam distantes, vividas em outros séculos.
Enquanto sua fúria era despertada, deixou suas presas afiadas crescerem e em um
sussurro disse:
-Boa
noite! Não me convidaram para a festa?
Os dois
homens se sobressaltaram assustados. Um
deles fez até o sinal da cruz como quem havia acabado de ver um fantasma, ou
pior que fantasma. Pois a mulher na frente deles parecia um demônio com olhos
que pareciam duas labaredas em chamas, e presas pontiagudas saindo dos lábios.
O corpo era de uma mulher normal e bela. Ela vestia uma saia de sarja do
exercito e uma blusa branca tomara que caia.
-Se não
fosse um demônio, eu até te comeria belezura! – um dos homens mesmo com medo
gracejou.
Agatha
correu até ele e o segurou pela camisa, o pendurando no ar. Viu que ele tremia
de medo e seus olhos estavam apavorados.
-Na
verdade, você é a comida aqui. Mas é tão nojento que pode causar indigestão.
Soltou-o,
o deixando cair no chão fazendo um pequeno baque. Ela abaixou e olhou para ele
uma última vez, com suas duas mãos o segurou pela cabeça e com um movimento
rápido e preciso girou a cabeça dele cento e oitenta graus, deixando o corpo já
sem vida tombar de vez no chão.
Levantou
para cuidar do segundo e notou que ele tremia em um canto escuro da sala,
sentiu o cheiro de urina e gargalhou.
-Está
com medinho valentão?
E antes
que ele pudesse responder foi até ele e cravou suas presas em sua jugular. Sugando
todas as gotas daquela vida miserável. Os dois homens estavam mortos, soltou a
mulher e com seus poderes hipnóticos fez com que ela se acalmasse e fez com que
a mulher achasse que tudo tivesse sido um pesadelo. Livrou-se dos corpos e saiu
para o fim da noite. Tinha que se apressar para um dos seus esconderijos, pois
logo amanheceria. Sabia que Daniele reprovaria ao saber que ela não tinha transformado
a mulher em vampira. Mas estava farta daquilo. Farta daquele destino miserável.
E mesmo
sendo estranho sentiu saudade do inicio da sua noite e daquele menino. Talvez nem todos os homens de fato fossem
monstros. Talvez tivesse alguns poucos com alguma bondade, alguns que ainda não
tivessem sido corrompidos pela própria espécie chamada humanidade.
Agatha
voltou à realidade do seu quarto, e viu que mais uma vez tinha mergulhado na
lembrança da noite em que conhecerá aquele menino. Pegou seu celular e olhou,
mas ele não tinha ligado. Ou mandando mensagem. Talvez fosse melhor assim.
O
destino muitas vezes era cruel e por mais que se tentasse fugir, acabamos
sempre caindo em seus braços.
Parabéns Camila,
ResponderExcluirMuito bom!!!
Parabéns Camila,
ResponderExcluirMuito bom!!!
Muito bom mesmo!
ResponderExcluirSucesso!!!
Gostei desse. Muito bom.^^ Prefiro vampiros assim,rs
ResponderExcluirgostei muito parabéns
ResponderExcluirmuto bom , gosto muito desse tipo de leitura. parabéns.
ResponderExcluirOi, obrigada flor. Volte sempre por aqui!
ExcluirOlá Camila, é o Caio, do Carpe Noctem.
ResponderExcluirGostei bastante do conto: tem trama, várias reviravoltas, que prendem a atenção,mas o professor de português chato que sou não se controla: você inverteu alguns tempos verbais, pondo verbos no futuro ( final rá) ao invés de pretérito mais que perfeito (final ra); trocou mas por mais umas duas vezes, são coisinhas que prejudicam um ponto o resultado final; e a citação que abre o conto: The Killing Moon, certo? abr.
Olá Caio, tudo bem?
ExcluirObrigada pelos elogios e pelas críticas também, eu tenho um sério problema com tempos verbais. Mas tenho tentado melhorar minha escrita.
Valeu pelas dicas.!
Sim a citação dos três partes são trechos da música The Kiling Moon Do Echo And The Bunnymen.
=)