Ele acordou com a luminosidade da lua que batia em seu
rosto, clareando um pouco daquele breu onde se encontrava. Seus pensamentos
ainda estavam meio desconexos, não tinha muita certeza de onde estava. Sua
cabeça latejava insistentemente, o que o fez lembrar-se da quantidade absurda
de vinho que havia ingerido durante o dia, nunca fora de beber daquela forma,
mas naquele dia em especial sentiu que somente com a ajuda do álcool conseguiria
enfrentar seus medos e anseios que o aguardavam aquela noite. Sim, Marcelo se
sentia um tolo por sentir medo de se encontrar com uma mulher. Mas ela era tão
diferente, exercia nele algo que não saberia explicar, um domínio completamente
estranho.
Marcelo
apalpou as mãos no chão onde se encontrava deitado e pode sentir a grama que o
pinicava, foi então que lembrou que após as taças vinho, havia ido se deitar no
pequeno jardim da sua casa. Ele adorava esse contato, mesmo que mínimo contato
com a natureza. Lembrava-se de ter ficado deitado admirando o fim da tarde e
provavelmente adormecera. Assustou-se,
será que no sono perderá o horário de se encontrar com Agatha? Sentiu um leve
tremor em seu corpo percebendo como esfriará com a chegada da noite. Afastou seus devaneios, e apressou-se para
dentro de sua casa. Ao entrar, olhou para
o pequeno relógio pendurado na parede da sua cozinha, os ponteiros mostravam
que já passava da meia noite. Ele ficou
assustado com o tempo que havia adormecido e porque também tinha perdido o seu
encontro. Retirou o óculos do seu rosto na vã esperança de que as lentes
tivessem embaçadas e que os ponteiros de seu relógio indicariam ser mais cedo.
Ao olhar novamente viu que não se enganara e realmente estava perdido.
Olhou
então para a pequena mesa de sua cozinha, onde entre diversas coisas espalhadas
encontravam-se as anotações que fizera para Agatha na noite um anterior. Ela
tinha o procurado no inicio da semana e dito que estava escrevendo um livro e
precisava da opinião dele sobre o andamento. E essa noite iam se encontrar
justamente para que ele mostrasse as anotações que ele fizera, ajustando
algumas partes. Ele não a conhecia muito bem, tinha a visto apenas algumas vezes.
Reconhecia que era uma mulher linda e diferente de todas que já havia
encontrado por ai. Ele que era tão espontâneo e comunicativo, quando estava
diante dela ficava paralisado, congelado, uma mistura de timidez com fascínio.
Era como se entrasse em transe, sim essa era uma palavra precisa para o que
sentia. Suspirando deixou a cozinha entrando por uma pequena porta que o levaria
a sua sala de estar.
Sua
sala era pequena e confortável, no canto próximo a mesa perto das escadas, seu
abajur estava aceso. Achou estranho, pois quando saiu para o jardim ainda era
dia. E ele não costumava deixar as luzes acesas nesse período, porém como havia
bebido um pouco mais resolveu levar em desconsideração aquele pequeno fato. E
foi então que percebeu um leve movimento a sua direita. Olhou apressado e lá
estava ela sentada no seu sofá, com a postura ereta e um sorriso nos lábios
continauava em silêncio o observando. Após alguns segundos Marcelo não
conseguiu mais sustentar o olhar, desviando o para outro ponto.
Agatha
levantou do sofá com leveza, parecia que seus pés mal tocavam o chão, parecia
flutuar. Nessa noite ela estava linda e deslumbrante. Vestida uma calça preta
de vinil, espartilho vermelho que definia bem sua cintura. Seus cabelos soltos
caiam por seus ombros nus. E em um quase sussurro ela quebrou o encantamento do
silêncio:
-Ora,
ora. Pensei que nunca mais fosse acordar e sair daquele jardim.
Marcelo
não conseguiu responder nada e diante de sua quietude ela se aproximou um pouco
mais dele e disse:
-Nunca
deveria ter me deixando esperando.
Gaguejando
ele a respondeu:
-Peço
desculpas, realmente peguei no sono e. e
-Sono,
quer dizer que sou tão entediante ao ponto de sentir sono em quanto aguarda as
horas que faltam para me encontrar?
-Não
foi isso que quis dizer...
-Bom
não me interessa que quis dizer, vim buscar as anotações e ajustes que fez para
mim. Disse que estariam prontos hoje, espero que tenha feito.
-Sim
está, vou buscar.
-Não,
espere, antes de ir buscar... gostaria de ouvir uma música para relaxar.
Marcelo
prontamente foi até o aparelho de som da sua sala, deixando rolar as músicas
que tinha escutado um pouco mais cedo. E quando novamente fez menção de ir
buscar suas anotações, Agatha o segurou pelo pulso, o contato da pele dela era
tão frio, e o corpo dele estremeceu ao mesmo que assustado e com vontade de
sentir um pouco mais. Ela foi se aproximando lentamente do corpo dele e com os
lábios já quase colocados em seu ouvido disse:
-Dance
comigo Marcelo e não tenha medo.
O
coração dele acelerou, bombeando sangue por todos os lados, deixando seus
sentidos muito mais aguçados. Ele sentia medo, mas um desejo tomou posse do seu
corpo e aproximação ainda maior. Marcelo colocou a mão em uma das cinturas de Agatha
e juntos giravam pela pequena sala. Nem tinha se dado conta que a música tinha
acabado e que continuava a girar e girar.
Lentamente
Agatha foi parando a dança e se afastou. Olhou para ele e sorriu.
-Vamos
para o seu quarto?
-O
que?
-Agora,
vamos.
Os
dois subiram as escadas que levava ao segundo patamar da casa, e lá apenas a
porta do quarto de Marcelo. Quando ele abriu para entrar, seus olhos
percorreram toda e extensão do local com uma mistura de choque e excitação. O
quarto estava iluminado por várias velas coloridas e acesas por todos os
cantos. Espalhadas sob a cama várias
rosas vermelhas ainda em seus galhos cheios de espinhos.
Agatha
olhou para ele e com ar divertido disse
-Gostou?
-Sim,
mas não entendo...
Ela
não deixou que ele terminasse a frase e o beijou. O beijo apurou ainda mais os sentidos de Marcelo
e ele se por inteiro. Agatha subitamente se afastou dele e com suas pequenas
mãos rasgou sua camisa, o deixando com o peito nu.
-Deite-se
na cama.
-
Mas Agatha, as rosas ainda estão cheias de espinhos...
-Você
vai ficar com medo de uns espinhos e deixar de sentir o que posso te
proporcionar?
Marcelo
então deitou na cama e sentiu os espinhos que lhe feriam as costas, causando um
pequeno incomodo. Mas não reclamou com
medo de estragar aquele momento com que tanto sonhou. Sentiu uma pequena
ardência em seu peito e notou que Agatha derrubava algumas gostas de cera
quente da vela em seu peito. Mas a dor
não era de todo ruim, e ele fechou os olhos para sentir essa linha tênue e fina
entre a dor e o prazer. Sentiu quando ela subiu por cima dele e foi encaixando
os corpos. Sua respiração ficou ofegante, e cada vez
sentia um prazer ainda maior. Os lábios dela percorriam seu peito nu, e seu
pescoço. Ela parou ali por um instante e ficou imóvel. Então sem que ele
esperasse, Agatha cravou os dentes no pescoço dele extraindo para si o néctar delicioso
do qual era preciso para sua sobrevivência. Ela parou apenas quando percebeu que ele já
havia desmaiado. Por uns e segundos
ainda o ficou olhando e um sorriso frio apareceu em seu rosto. Ela pegou
algumas das velas acesas no quarto e as derrubou acidentalmente em alguns
papéis e outros objetos do quarto. Aguardou em quanto às chamas se espalhavam
pelo quarto, e quando a fumaça negra e densa começou a se espalhar pelo recinto
fechou a porta do quarto.
Desceu
ainda as escadas vagarosamente e ao chegar à porta de saída da casa lançou uma
última olhada ao rádio de Marcelo, e na mesma hora começou a tocar. Agatha riu,
acenou um adeus a casa e saiu para a escuridão da noite.
vampi