“E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam ouvir a música.”
Enquanto Sarah e Cassius galopavam para longe daquele vilarejo, os dois experimentavam sensações de leveza, euforia. Sentimentos misturados aos seus pensamentos. Sentiam a imensa magia que os cobriam. Ser diferente naquela época era o mesmo que ser temido. O vampiro temido por fazer parte da noite, e o escuro sempre fez os homens mais corajosos tremerem. Ela por ser sábia conhecedora de coisas que ninguém mais sabia ninguém mais via. E assim cada um com seus pensamentos, percorriam a estrada em silêncio.
A estrada escura não os assustava, era como se fizessem parte dela. Sarah começou a rir, e o som de sua risada despertou Cassius dos seus pensamentos:
- O que foi?
- Não sei, só estou com vontade de rir.
- Você é mesmo maluca!
- Os insanos talvez sejam mais sábios...
- Vamos parar um pouco para os cavalos descansarem e procurarmos um abrigo para ficarmos quando amanhecer.
- Sim, a propósito o cavalo tem nome é Ágape!
Cassius apenas sorriu, achava cada vez mais aquela mulher intrigante. Não é a toa que as pessoas a consideravam uma bruxa. E foi então que lembrou que pouco antes da confusão, ela havia entrado em estado de transe. Dirigiu-se para perguntar o que tinha acontecido e novamente ficou surpreso. Sarah com as mãos e a cabeça erguida para o céu dançava.
- O que esta fazendo?
- Dance comigo Cassius.
- Não ouço música alguma.
- Não ouve o som do vento? O farfalhar das folhas? As cigarras que cantam? Todos eles em uniforme fazem uma bela melodia.
Ela então se dirigiu ao vampiro que a olhava espantando, o puxou pelas mãos para que ele fosse dançar. No começo ele resistiu, mas logo os dois dançavam. A dança do silêncio. Aos poucos os dois se soltavam mais, junto com a dança riam, sentiam-se leves. Era como se estivessem celebrando algo. Algo profundo, que a mente de poucos entenderiam. Eram dois seres loucos para quem os vissem, e dois seres celebrando magia para quem os enxergassem com os olhos da alma.
A dança foi interrompida pelo som de trotes de cavalos que se aproximaram rápido. Os dois não tiveram tempo de se esconder ou se quer pensar nisso. Logo cinco soldados montados o cercavam:
- Veja só, o que um casal faz na estrada há essas horas?
- Desculpe-me senhor, moramos nas redondezas e resolvemos passear um pouco.
O soldado os olhou com ar de deboche, pois tinham visto em quanto dançavam feitos loucos. Ficou pensativo por instantes e ordenou a seus companheiros:
- Mate-os!
Um dos soldados tentou acertar sua espada no vampiro, que com agilidade conseguiu desviar do golpe. Mal teve tempo de pensar quando novos golpes tentaram acertar-lhe. Mas seu reflexo e sua agilidade inumana fizeram com que ele desviasse de todos prontamente. Ouviu o grito de Sarah e ao correr até ela notou que estava ferida, que sangue escorria de seu braço. Aquele cheiro entrou em sua narina e despertou a fúria, os instintos dele e a fome. Enlouquecido começou a derrubar os soldados de seus cavalos, os golpeando com raiva. Logo tomou a espada de um e o acertou comum golpe certeiro. Os outros soldados recuperados da queda do cavalo avançavam, e um á um foi tombado ao chão.
Sarah com o braço ferido correu para se esconder atrás de uma árvore, estava tão aflita que nem notou o soldado atrás dela, só sentiu a força de seus cabelos sendo puxado para trás. Ela caiu no chão e seu golpeador colocou seu pé com força sobre o peito dela. Embora sentisse dor não deixou escapar uma lágrima, um gemido. Ele então ergueu a espada para seu golpe final e gritou:
- Peça perdão a Deus.
-Você não é Deus para que eu lhe peça perdão.
O soldado em fúria abaixou a espada para golpeá-la, mas antes que pudesse finalizar foi arremessado para longe. O vampiro correu até o corpo dele caído ao chão com olhos em chamas de ódio. Abaixou junto a ele e em um sussurro disse:
- Peça você perdão a Deus
O homem a sua frente tremia, e com a voz fraca disse:
- Sou um servo dele, não preciso pedir.
Cassius não disse mais nada. Apenas gargalhou. E foi a última coisa que o soldado ouviu. Os dentes agora cravados em seu pescoço, que perfuravam sua pele e absorviam todo o seu sangue o levaram embora para o vale dos mortos.
Sarah já havia se recomposto e mexia nas coisas dos soldados mortos. Em uma das malas encontrou pão e vinho que sem nenhuma cerimônia tratou logo de saborear. Estava faminta. Achou também em uma bolsa um pergaminho como selo real da Igreja. Abriu para vero que continha e ficou euforia.
O vampiro que já se aproximava, após ter juntado algumas espadas notou a euforia dela. Que no mesmo instante entregou a ele o pergaminho. Esperou que lesse e ouviu o que já sabia que ouviria:
- Vamos para Roma.
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