Do
outro lado da cidade Agatha caminhava de um lado para o outro em todos os
cômodos da sua casa. Por um momento tinha pensando em seguir Daniele e
certificar-se de que ela não mataria o pianista. Estava arrependida de ter
contato á ela sobre ele, mas queria mostrar a vampira que talvez estivessem
erradas. Que talvez ainda existisse um pouco de amor no mundo e na humanidade.
Descartou a ideia de segui-la, sabia que isso colocaria mais ainda em risco a
vida daquele homem. Daniele não gostava
de confrontos, e ser desafiada, ainda mais por sua pupila seria um risco mortal
de despertar ira nela. E sem c escolha
ficou caminhando pelos cômodos, olhando para o seu celular. Esperando que ele
tocasse. Mas isso não acontecia.
Irritada jogou o celular longe, sem medir sua força. O aparelho ficou em pedaços e ainda fez um
pequeno buraco na parede.
A
vampira decidiu que sairia, ia pegar sua moto e se aventurar pelas estradas. Não
aguentaria passar mais uma noite trancada em casa a espera que algo
acontecesse. E também não podia se dar ao luxo de sentimentos tão humanos como
a lamúria. Se o garoto que conheceu não havia a procurado até então, ela
deveria esquecer. Além do mais o que faria se ele a procurasse? Afinal era um
demônio em pele humana. Estava morta e tudo que poderia oferecer para aquele
garoto era um caminho de escuridão, isso se na hora de sua fome e sede não se
entregasse aos seus instintos e acabasse o matando. Tinha sido uma tola sim, mas não ia ficar
mais parada e sim voltar a se entregar a sua natureza. Foi até a sua biblioteca
e na escrivaninha de madeira, abriu a última gaveta. Lá estava a chave de sua
moto. Aquisição adquirida recentemente.
Agatha era apaixonada por motos e pela sensação de liberdade que a mesma
sentia quando estava na estrada, sentindo o vento bater em seu rosto. E naquela
noite tudo o que precisava era cair pela estrada. Estava com um vestido preto de pano leve de
algodão, estampa de algumas pétalas brancas. Decidiu que não trocaria de roupa,
pilotaria a moto de vestido mesmo.
Minutos
depois Agatha já estava na estrada e a sensação de liberdade despertará nela
verdadeira paz. Conseguia somente sorrir enquanto a brisa da noite tocava sua
pele fria. Um sentimento de liberdade, andar de moto dava a sensação de ser um
pássaro, voando baixo, sem nada engaiolando. Era como uma busca incessante de
ser livre. O contato com as sensações eram sentidas em sua pele, no rosto, e o
tempo deixará de ser importante. Sua mente cheia de questionamentos estava
vazia. Estava entregue aquele momento.
Enquanto pilotava deu uma súbita vontade de se entregar mais aquele momento e
decidiu que o lugar perfeito seria onde pudesse ter mais contato com a natureza
para completar sua noite.
Algumas
horas depois Agatha tinha chego à sua praia favorita. Gostava de Peruíbe, era
um lugar do qual se sentia bem e tinha muitos lugares onde poderia desfrutar da
beleza da natureza. Mas seu destino àquela noite foi à praia do Costão, pois
tinha certeza que lá estaria mais vazio do que as praias do centro. E não
queria aglomeração. Queria que a noite fosse apenas dela e de sua aventura.
Desceu
da moto e arrancou seus sapatos, segundos depois já estava caminhando pela
areia fofinha. A sensação dos seus pés tocando a areia era reconfortador, o
cheiro da brisa do mar e o barulho ao longe das ondas tocando as pedras. Tudo a
deliciava. O bom de ser vampira era ter os sentidos ampliados, o que tornava
cheiros, sons e cores mil vezes mais impressionantes do que no sentido dos
humanos. Caminhou por mais um tempo e quando se deu conta estava correndo.
Correr era um exercício há tanto tempo esquecido, que ela havia esquecido como era
boa também a sensação. Agatha correu até chegar à beira do mar e entrou na
água. Com roupa e tudo mergulhou nas ondas.
Já não se importava com mundo, com seus problemas, com Daniele. Estava
totalmente entregue, como hipnotizada por todo aquele lugar mágico e de energia
boa e contagiosa. Quando cansou dos mergulhos, subiu em uma das pedras e começou
a percorrer toda a extensão de pedras da encosta do Costão. Escolheu uma das
mais altas para ficar. E deitou, olhando para o céu e as estrelas. A beleza do céu
era perfeita. Longe das metrópoles e cidade, onde a poluição era mil vezes
menos, o céu ficava limpo e podia se ver muito mais o brilho do manto da noite
e seus enfeites que o iluminavam. Era
assim que quando criança chamava as estrelas e a lua, de enfeites iluminadores
do céu. A vampira começou a gargalhar sozinha, estava inebriada, e isso era tão
bom.
Fechou
os olhos e ficou quieta apenas apreciando o momento, mas logo o silêncio foi
preenchido por algumas vozes, e Agatha sentou em alerta. Parecia ser um grupo
de jovens pelas vozes e cão coisas desconexas que falavam. Mas na verdade o que
despertará sua total atenção era uma única voz. A voz dele, e o cheiro dele que
vinha junto com o vento. Não seria possível que tivesse caminhado para tão
longe para esquecê-lo e o encontrará bem ali. As vozes se aproximavam cada vez
mais e o grupo chegou até ela.
Gabriel
ria de alguma piada, mas parou quando notou que alguém estava sentado na pedra
e os observava. Seu coração deu um salto quando notou que era a moça que conhecerá
na balada e eu haviam conversado por horas, até ela simplesmente dizer que
tinha que ir e sumir. O deixando sozinho na rua. Ela dera o número de seu
telefone para ele, mas ele não havia ligado com medo de que ela tivesse dado ou
errado, pois não tinha demonstrado o menor interesse nele. Pensou nela durante
alguns dias e agora o destino colocava o dois frente á frente. Achou-a meio
maluca de estar em um lugar daqueles sozinha, ainda mais sendo mulher, seria
perigoso. O mundo estava cheio de malucos. Sorriu de forma tímida e acenou para
ela:
-Oi.
-Quem é
ela? – perguntou uma menina do grupo, era alta, um pouco gordinha, sem rosto
redondo e usava óculos, não era do tipo bonita e Gabriel não ia muito com a
cara dela não por sua aparência, mas sim por sua personalidade desagradável e
irritante. Mas era amiga de seus amigos e não podia evitar estar nos mesmos
lugares que ela.
-Uma
amiga Ana.
-Nossa
que tipo de amiga é essa? Saiu do hospício.
-Cala a
boca!
Gabriel
não deu atenção para a garota e foi até próximo de onde Agatha estava sentada. Ela continuava parada, imóvel, incrédula.
-Oi
Ela
olhou para ele e como desperta de um transe finalmente o respondeu:
-Oi,
tudo bem? – sua voz saiu calma, mas a verdade era que estava com vontade de
esmurrá-lo, bater nele até não poder mais. Queria gritar com ele. Sentiu suas
unhas crescerem e cravou elas na rocha disfarçadamente para que ele não notasse
e mentalmente tentava controlar sua fúria.
-Estou
bem e você?
-Por
que não ligou?
Gabriel
ficou quieto diante da pergunta e estava com medo de responder a verdade, então
após alguns minutos de silêncio respondeu:
-Que
cobrança é essa? Somos só amigos.
Agatha
ia respondê-lo, mas o restante do grupo se aproximou e Ana com um tom de voz
mais irritante do que nunca comentou:
-Ei,
não vai apresentar sua amiga para nós.
A
vampira olhou a menina à frente e não gostou dela. Tinha um jeito desagradável de
falar, um cheiro ruim, e ela tinha um olhar de ódio contido. Era falsa. Podia
sentir isso, mesmo sendo a primeira vez que a via. Os outros garotos do grupo
pareciam legais. Normais como todos outros humanos.
-Claro
que vou, essa é minha amiga Agatha. Esses são meus amigos bestas. Lucas, Kildery e Sandro.
-E eu
sou a Ana já que ele não apresenta.
-Olá
Ana- Agatha prendeu seu olhar no da garota e pode ler seus pensamentos e logo
descobriu a irritação da garota. Era apaixonada por Gabriel, mas ele não
gostava dela. Nem um pouco por sinal, e tudo que ela fazia para chamar a
atenção dele era visto de outra forma e afastava mais ainda o garoto dela.
Os
garotos todos deram oi e ficaram claro embasbacados com a beleza dela. Um deles
o Kildery até mesmo disse:
-Guria
você é muito linda, com todo respeito.
Agatha
riu, gostou do sotaque gaúcho dele e agradeceu de forma espontânea. Notou,
porém que Ana fechará a cara, e pensava no momento porque ninguém a elogiava.
Lucas então,
o que parecia o mais novo da turma disse:
-Nós estamos
indo para o centro beber, nos acompanha?
-Não, obrigada,
vou ficar por aqui e curtir um pouco mais da paisagem e da solidão.
Gabriel
a olhou de soslaio e disse baixinho.
-Sempre
misteriosa- e voltou para os amigos e disse: - Podem ir, vou ficar aqui com ela
se não se importam. Encontro vocês na pousada mais tarde.
O grupo
então se dispersou e o garoto sentou ao lado da vampira.
-E ai
sua monga?
-Moncga?
-Sim você
aquele dia simplesmente foi embora e hoje te encontro aqui sozinha. Você esta
bem?
-Sim,
seu idiota!
Agatha
o chamou de idiota com um tom de brincadeira, mas se controlava muito para não
esbofetear a cara dele naquele momento.
Gabriel
notou que ela estava tensa e perguntou:
-O que
foi?
-Nada!
-Quando
uma mulher diz nada, significa tudo!
A
vampira riu, adorava a forma como ele a fazia gargalhar. Era até mesmo como se
fosse humana como ele, como se pudesse tê-lo. Pudesse ter uma vida normal.
Esqueceu a raiva que sentia e se entregou aquele momento. E mais uma vez os
dois conversaram soe várias coisas e vários assuntos diferentes. Notou quando as mãos dele tocaram as suas e
sentiu um arrepio percorrer seu corpo quando o contraste da pele quente dele
com a sua fria se tocaram.
Os dois
se entreolharam e Gabriel lentamente subiu suas mãos tocando seu rosto, ela
fechou os olhos para sentir o toque e deixou que o ar invadisse seus pulmões
com o cheiro dele. Aquele toque era tudo que desejava e precisava naquele
momento e ainda de olhos fechados sentiu quando ele a beijou. No começo ficou com medo de corresponder o
beijo e com o que aquilo representava. Pois desde sua morte, quer dizer desde
sua transformação só se aproximava dos homens dessa forma para matá-los. Mas não resistiu muito tempo e afastou esses
pensamentos se entregando de forma plena. O beijo lento foi se transformando em
um beijo avassalador, cheio de desespero. As mãos de Gabriel percorriam o corpo
de Agatha de forma firme, ele segurava no momento a cintura dela.
Agatha
interrompeu o beijo para tirar a camisa dele, queria o sentir. Sentir a pele
quente dele sobre a dela. O olhou nos olhos e se prendeu ali enquanto tocava seu
peito. E com a ponta de suas unhas descia toda a extensão da pele até chegar a
virilha e voltava para cima. O provocando. Gabriel já estava sem fôlego, mas
estava gostando da forma como ela o seduzia. Fechou os olhos sentindo o toque,
sentindo o desejo pulsar sobre suas veias. Estava tudo perfeito. O momento era
único e de forma alguma os dois queriam que terminasse. Já tinham voltado a se
beijar, e ele um pouco mais ousado começou a acariciar seus seios. Ela arqueou
e soltou um gemido baixinho.
Entregues daquela forma, se assustaram quando começaram a ouvir
gritos vindo da praia. A voz era de Ana. Os dois pararam de se beijar
subitamente.
-O que
será que está acontecendo?
Agatha
o olhou surpresa ainda com a interrupção e disse:
-Vamos!
Sem
esperar ele levantar de forma ágil percorreu a trilha de pedras até chegar à
praia novamente. Ana estava no chão se debatendo com um cara por cima, que
tentava aquietá-la. Gabriel chegou logo depois e correu em direção ao cara, o
empurrando na areia. O mesmo caiu, mas logo se recuperou dando um soco nele.
Gabriel caiu no chão, com a boca sangrando.
Agatha
sentiu o cheiro de sangue e sentiu que suas presas cresciam, ficou sem saber o
que fazer, pois não queria revelar sua natureza. Mas também não podia permitir
que aquilo continuasse. Notou quando o cara sacou um revólver da blusa e estava
pronto para atirar em Gabriel. Foi na
direção dele com velocidade surpreendente para mortais e com sua força arrancou
a arma e a arremessou longe. Para fora do alcance da vista deles. O cara a olhou surpreso, ela começou a
chutá-lo, e seu chute tinha tão força que ele caiu no chão gritando de dor.
Mesmo caído sua fúria ainda era grande e o cheiro de sangue despertava sua
sede. Olhou para Ana e Gabriel e disse:-
-Vamos
embora!
Para
sua surpresa Gabriel também estava de moto. Ele deu carona para Ana até o
centro onde seus outros amigos estavam e Agatha os seguiu na sua própria moto.
Nesse percurso usou seus poderes para que a menina esquecesse o que tinha
visto. Mas não sabia por que o mesmo não funcionava com Gabriel.
Após
deixar Ana no bar, os dois caminharam um pouco pelo calçadão. Mas Agatha sabia
que logo amanheceria e ela precisa ir embora. De cabeça baixa e um pouco
constrangido Gabriel caminhava em silêncio, até não suportar mais e perguntar
para ela:
- O que
foi aquilo?
A
vampira o olhou e tudo que queria era fugir para não responder aquilo, não
revelar o monstro que era. Mas também não tinha mais tempo para respostas.
-Escuto
eu preciso ir, mas amanhã a noite te darei respostas.
-Se eu
pedir para ficar vai adiantar?
-Não.
Ele
suspirou então, dando um selinho nele e caminhou em direção contrária indo
embora. A vampira o observou por mais alguns instantes e logo após caminhou
para procurar um esconderijo. Onde passara o dia, fugindo da luz do sol.
Fugindo do calor e da humanidade. Sabia que nunca poderia ser humana novamente,
e que era um erro se entregar a momentos humanos como estava fazendo. Mas não
tinha escolha. Era mais forte do que ela poderia imaginar ou prever. Na noite
seguinte revelaria a verdade para ele, mesmo com medo. Era o certo a ser feito.
historia ta ficando cada vez melhor, so arruma aquela parte de " monga" que ta escrito "mongca"
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